O líder do PSD comentou esta quinta-feira a questão do Salário Mínimo Nacional (SMN), que também este ontem em discussão na Assembleia da República, criticando as demagogias feitas em torno do tema, que, no seu entender, contornam as reais dificuldades que o país atravessa.
O presidente do PSD indicou aos jornalistas, em Faro, que as empresas não têm condições para aumentar os salários. Utilizando o exemplo do Algarve, onde se encontrava para uma reunião com a Reitoria da Universidade do Algarve, lançou o desafio: "Vá perguntar aos restaurantes, hotéis, lojas, aqui no Algarve, se têm condições, com as vendas que têm, para manter a porta aberta e aumentar os salários".
"Acho que o país precisa que eu chegue aqui e faça demagogia, e se o Governo disser que quer pagar salários mínimos de 650 euros, eu peço 700? Não é isso que o país precisa", acrescentou, atirando que "para fazer demagogia há outros".
O líder social-democrata reforçou que é preciso "ter os pés assentes na terra". "Viver com 635 euros é pouco, isso eu sei, mas olhe que viver com 400, 500 ou estar no desemprego ainda é pior. Infelizmente, dado aquilo que aconteceu ao país, nós temos que ter os pés assentes na terra", disse.
Rui Rio explicou que há necessidade de "defender os mais desfavorecidos" e que a forma de o fazer é "proteger-lhes o emprego".
Na véspera, na abertura do debate temático sobre o Plano de Recuperação e Resiliência, Rui Rio questionou António Costa se pretende "fomentar o desemprego" com a promessa de um "aumento significativo" do salário mínimo, comparando essa atitude à do executivo socialista liderado por José Sócrates em 2009.
Na resposta, o primeiro-ministro manifestou a sua "enorme perplexidade" por o líder social-democrata ter falado num debate sobre uma questão estratégica "sem uma única ideia e sem uma única proposta para o futuro".