O voto de pesar apresentado por Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, foi aprovado por unanimidade pelos deputados, que cumpriram a tradição de fazer um minuto de silêncio.
"De uma envergadura intelectual sem paralelo, Eduardo Lourenço foi, sem dúvida, quem melhor refletiu a identidade nacional (tantas vezes a desconstruindo), sobre o que é ser português, na Europa e no mundo, sobre o que nos diferencia e nos assemelha a outros povos", lê-se no texto de Ferro Rodrigues.
O presidente do parlamento recorda ainda o "homem de imensa cultura, alavancada por uma enorme sede de conhecimento" e considera que "o seu desaparecimento constituiu uma perda irreparável para Portugal e para a Lusofonia, de que era uma das suas maiores referências intelectuais".
Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa e morreu na terça-feira, em Lisboa, aos 97 anos.
Eduardo Lourenço Faria nasceu em 23 de maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, no distrito da Guarda.
Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, na Universidade de Coimbra, em 1946, aí inicia o seu percurso, como assistente e como autor, com a publicação de "Heterodoxia" (1949).
Seguir-se-iam as funções de Leitor de Cultura Portuguesa, nas universidades de Hamburgo e Heidelberg, na Alemanha, em Montpellier, em França, e no Brasil, até se fixar na cidade francesa de Vence, em 1965, com atividade pedagógica nas principais universidades francesas.
Autor de mais de 40 títulos, possuiu desde sempre "um olhar inquietante sobre a realidade", como destacaram os seus pares.