Morte de Ihor. "Estado agiu mal" e "Cabrita não atuou no tempo certo"

Francisco Louçã não poupou críticas ao Governo pela forma como atuou no caso da morte de Ihor Homeniuk. Para o comentador, a reorganização do SEF "é um grande serviço à democracia e à credibilidade do Estado português". 

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© Pedro Granadeiro / Global Imagens 

Filipa Matias Pereira
11/12/2020 23:59 ‧ 11/12/2020 por Filipa Matias Pereira

Política

Ihor Homeniuk

A morte de um cidadão ucraniano nas instalações do SEF, no aeroporto de Lisboa, tem motivado diversas críticas das bancadas parlamentares. Francisco Louçã partilha do mesmo entendimento e considera que "o Estado agiu mal" e que Cabrita "não atuou no tempo certo quando já tinha informações".

No seu habitual espaço de comentário na antena da SIC Notícias, esta sexta-feira, o bloquista lançou 'farpas' ao Executivo de Costa por só ter agido mediante pressão. A entrevista da viúva de Ihor Homeniuk, à SIC, "obrigou o Governo a fazer à pressa respostas que deveria ter tido desde o início".

Pese embora o antigo líder partidário considere o Ministro da Administração Interna uma pessoa "séria" e "dedicada", Francisco Louçã acredita que, quando este recebeu a informação em relação ao homicídio, deveria ter agido.

"[Cabrita] Não é responsável [pelo homicídio], não o delibera, mas, perante a gravidade do caso, tem de agir sobre a estrutura, sobre o modelo de funcionamento e das responsabilidades que permitiram que aquilo acontecesse". Portanto, acrescentou, "a demissão da diretora do SEF, se tivesse acontecido no momento certo e não nove meses depois por pressão da comunicação social, ter-se-ia entendido que o ministro estava a reagir".

Contudo, "na verdade, não reagiu, demorou demasiado tempo", constatou.

Quando Costa, que 'segurou' o ministro no Governo, "diz que ele atuou no momento certo, politicamente é falso. Na verdade, só há uma decisão depois da entrevista de há dois dias, nove meses depois [da morte]".

Recorda o comentador que as instituições do Estado assumiram uma posição diferente da do Governo, lembrando que a "Provedora da Justiça atuou corretamente no que podia fazer, nomeadamente ao dizer que não devia haver uma sala de isolamento porque é perigosa do ponto de vista das inquirições que competem a esta polícia". Para além disso, "chamou a atenção para casos de alegada violência".

Com efeito, perante o cenário, "o ministro ficou numa situação frágil que não teria se tivesse demitido a diretora do SEF e se tivesse começado a reorganização do SEF há nove meses".

Francisco Louçã recordou ainda o "'braço de ferro' entre Presidente e o primeiro-ministro". Ora, Marcelo "sugeriu uma remodelação do Ministério que chegasse onde chegasse. O primeiro-ministro não o quis fazer e portanto o Presidente também recuou nesse passo. Se vai haver a remodelação que está prometida desde 2019, isso veremos. Mas é um grande serviço à democracia e à credibilidade do Estado português".

Recorde-se que, na entrevista de estreia de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto candidato presidencial, o Presidente assumiu que falou por diversas vezes com António Costa sobre o caso do SEF.

De salientar ainda que a morte do cidadão ucraniano levou à acusação de três inspetores da Polícia Judiciária durante o mandato de Cristina Gatões, que se demitiu esta semana.

Leia Também: Na 'estreia', Presidente comenta SEF e TAP, Marcelo a Direita e o Chega

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