Momentos após ter sido noticiado que o Conselho de Ministro vai reunir esta segunda-feira para avaliar as medidas de restrição, Luís Marques Mendes defendeu que o Governo devia diminuir as exceções do confinamento geral, em vigor desde sexta-feira.
"Há exceções a mais novamente nestas medidas. Há exceções a mais. Não é apenas em termos quantitativos. As exceções são enormes", sublinhou o antigo dirigente do PSD, este domingo, no seu espaço de cometário semanal na SIC.
Mais, para Marques Mendes, para além da diminuição destas exceções, o Executivo devia também "avaliar com mais rigor as exceções que criou" porque "as pessoas estão a ter uma interpretação criativa, muito alargada".
Referindo que a "situação é dramática" e que "ainda se vai agravar nos próximos dias", o ex-ministro considerou que "este mini-confinamento, muito suave", não resolve a pressão que está a ser exercida nos hospitais devido à pandemia. "Depois, em vez de estarmos com confinamento por 30 dias, estamos por 60 dias", avisou.
Mas, as críticas de Marques Mendes ao Governo socialista não se ficaram por aqui. O comentador acusou também o Executivo de "facilitismo e falta de coragem" no Natal, "que tanto fez agravar a situação" epidemiológica, e de perder "tempo na tomada de decisões".
"Todas estas decisões podiam ter sido tomadas na semana passada. E, nesta fase da pandemia, uma semana de atraso é fatal. São mortes que podem evitar-se e não se evitam. São filas de ambulâncias à porta dos hospitais que se multiplicam. Tudo porque o Governo quis fazer uma encenação política com a reunião do Infarmed. Quando são medidas populares, decide sozinho. Quando pode perder popularidade, quer a chancela dos técnicos", argumentou.
E acrescentou: "Só por sorte é que estas medidas anunciadas pelo Governo são suficientes para a situação dramática em que estamos".
Contudo, Marques Mendes reconheceu que, neste momento, "ser Governo deve ser uma tarefa muito difícil" e que este confinamento "não é manifestamente igual ao de março", havendo pontos positivos a destacar na atuação do Executivo.
Começando por frisar que se o Governo não tivesse avançado para o confinamento o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tinha colapsado, o advogado deu também nota positiva ao Executivo por ter mantido as escolas abertas, apesar de não ser uma decisão pacífica. "Parar as escolas em dois anos letivos consecutivos é fatal para os alunos e jovens em termos de aprendizagem", referiu, acrescentado que, contudo, não compreende o porquê das universidades não terem encerrado.
Marques Mendes enalteceu ainda o lançamento de mais apoios financeiros às empresas, ficando apenas por aferir se estas medidas foram "promessas de ocasião" ou se são mesmo apoios que vão chegar a quem mais precisa. "Com a burocracia que temos, é melhor esperar para ver", atirou ainda o comentador.
É de recordar que o Conselho de Ministros aprovou, no passado dia 13, novas medidas para controlar a pandemia, entre as quais o dever de recolhimento domiciliário, que entraram em vigor às 00h00 da sexta-feira passada.
Entre as medidas estão restrições à circulação da população, obrigatoriedade do teletrabalho e encerramento do comércio, com exceção dos estabelecimentos de bens e serviços essenciais. As escolas permanecem abertas em todos os níveis de ensino mas os centros de apoio ao estudo encerraram.
Portugal contabilizou hoje 152 mortes relacionadas com a Covid-19 nas últimas 24 horas, e 10.385 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS). O boletim epidemiológico da DGS indica ainda que estão internadas 4.889 pessoas, mais 236 do que no sábado, das quais 647 em cuidados intensivos, ou seja, mais nove, novos máximos em ambos os casos.
Desde o início da pandemia, em março de 2020, Portugal já registou 8.861 mortes associadas à Covid-19 e 549.801 infeções pelo vírus SARS-CoV-2, estando hoje ativos 134.011 casos, mais 5.846 do que no sábado.
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