Mário Tomé critica "fulanização" e defende que o Bloco deve ser de todos
O bloquista Mário Tomé, candidato à direção do BE por uma moção crítica da atual, defendeu hoje que o partido deve resultar "da ação de todos" os militantes e criticou a "fulanização" e a dependência "face aos media".
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Política Bloco de Esquerda
"O BE ou é resultante da opinião e da ação de todos os seus militantes ou não é. Este é o único caminho digno dos 250 subscritores do 'Começar de novo', que disseram que a fulanização aproxima-se de uma feira de vaidades, que o minimalismo da dependência face aos média retira densidade e qualidade, e que a gestão de influências diminui a credibilidade", advertiu, na XII Convenção Nacional a decorrer até domingo, em Matosinhos, no distrito do Porto.
Mário Tomé, militar de Abril que foi deputado da UDP, um dos partidos que deu origem ao BE, e hoje integra a associação política com a mesma designação, respondeu a Francisco Louçã na tribuna da Convenção, afirmando que o BE está sempre ao lado "da luta, dos explorados e espezinhados", mesmo que isso "não deixe a Mariana [Mortágua] ser ministra das Finanças".
Intervindo antes, o fundador e ex-dirigente Francisco Louçã tinha elogiado a deputada Mariana Mortágua que atualmente representa o BE na comissão de inquérito ao Novo Banco, afirmando que "quando" a deputada for ministra das Finanças o Estado não será "porquinho mealheiro" dos bancos.
Mário Tomé frisou que o BE nasceu da consciência, da necessidade e da determinação para mudar radicalmente o panorama político em Portugal e na Europa.
"E qual é o papel do nosso movimento?", questionou. O histórico dirigente partidário respondeu, perante uma sala já menos composta, que "nem em sonhos" o partido deverá tentar subordinar qualquer luta aos interesses políticos.
Para Mário Tomé, o BE deverá incentivar e apoiar todas as lutas porque "trabalhadores atacados" não podem ficar isolados e à mercê dos despedimentos "com que o capital resolve todas as crises".
O militante Jorge Martins subiu ao púlpito de chapéu e viseira, que ia ajeitando ao longo da sua intervenção, e defendeu que os votos nos últimos Orçamentos do Estado foram "mal explicados". No que toca às eleições presidenciais de janeiro, defendeu que a candidata apoiada pelo BE, Marisa Matias, "foi mais vítima do que culpada, e não merecia essa maldade".
E deixou um repto: "Se não falamos dos problemas internos na convenção, falamos quando?".
Carlos Patroa focou-se nas eleições autárquicas e considerou que o BE, apesar de ser a terceira força na Assembleia da República, está "longe de ser o terceiro partido".
Defendendo que o partido deve afirmar-se a nível local, o bloquista pediu que se façam "algumas coisas diferentes" e que exista maior intervenção.
Na mesma linha, Maria José Magalhães, da moção E, advertiu para necessidade de uma "inversão de tendência" para que o partido obtenha bons resultados nas autárquicas.
Para Rogério Ferreira, as "estruturas locais devem ser o centro da ação política" e os militantes devem ser todos "chamados a pronunciar-se" sobre as decisões do partido. Ao longo da tarde, foram vários os aderentes que notaram a falta de implantação local do partido.
António Ricardo, que interveio pela moção E, resumiu a preocupação afirmando que "o Bloco também precisa de ser regionalizado".
Tal como Fernando Rosas, outro aderente, Fernando Oliveira, subscritor da moção C, defendeu que o Bloco "devia assumir um forte programa de preparação e formação interna de quadros".
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