"É por representarmos este programa e esta história que não aceitamos que um Governo minoritário do PS queira interditar à esquerda a negociação, o debate, a influência e a capacidade de mudar grandes questões do regime social", afirmou.
O dirigente do BE intervinha no período para alegações finais por parte das moções políticas, no segundo e último dia da XII Convenção Nacional em Matosinhos, no distrito do Porto.
A negociação e procura de entendimentos não pode tornar tabu o "centro da nossa vida", sublinhou o líder parlamentar interino, identificando o trabalho como a área central e prioritária na ação política do partido.
Jorge Costa salientou que o BE quer ser uma "forma de continuação do projeto de emancipação do trabalho e instrumento da vitória da emancipação do trabalho".
"Reconhecemos esta nossa responsabilidade, viemos para defender o povo perante a predação do capitalismo abutre, viemos para afirmar e reinventar em permanência a política do socialista, a luta por outro regime económico e social que seja compatível com a humanidade", afiançou.
Estes aspetos são a "bússola e critério" do BE e é com eles que respondem a cada dia que passa, como "terceira política do país", considerou Jorge Costa, considerando que são "consensuais" a todas as moções apresentadas na XII Convenção.
Bruno Candeias, da moção E, promovida pelo movimento Convergência, centrou as críticas na atuação da atual direção tanto a nível interno como externo, considerando que "não quis ir a debate" nesta XII Convenção e "preferiu o 'soundbite', tentando transformar a convenção num comício" e "enterrando a cabeça na areia".
O bloquista criticou também que o partido "se acantonou nos corredores do parlamento e na cega proximidade ao poder" e defendeu que "os próximos combates não podem ser coartados pela chantagem do PS", mas "têm de ser orientados pela autonomia" do BE e a "definição clara de linhas vermelhas".
Nesta intervenção, aplaudida de pé por parte da sala, Bruno Candeias considerou que, "para que as autárquicas não sejam uma fatalidade", não podem existir "aderentes de primeira e aderentes de segunda".
E destacou que será escrita "uma nova página da vida do BE, com a afirmação da moção E" e uma "nova correlação de forças", esperando que os próximos dois anos rompam "com o aparelho monolítico e cristalizado".
Coube a Alexandre Frias fechar o debate pela moção Q, que defendeu que o partido deve representar a "esquerda radical que seja capaz de marcar posição" e evitar "o abismo".
Porém, considerou, o BE está "fraco" e "só reage", em vez de "dirigir discussões".
Alexandre Frias pediu igualmente aos órgãos do partido que ouçam mais os militantes, sublinhando que as fileiras do partido têm "pessoas extraordinárias".
Dirigindo-se aos delegados também antes da votação das moções e das listas candidatas aos órgãos, José Moreira, pela moção N, salientou que o BE "não pode acantonar-se" e deve "desafiar o PS para a construção de um programa de ação concreta, um programa de ação à esquerda", apontando as "linhas vermelhas e balizas".
"Temos que enfrentar o futuro agora, é agora e não depois que o BE deve desafiar o PS" para um acordo, defendeu o subscritor, considerando que, se tal não acontecer, "não haverá solução governativa à esquerda".
Já Luísa Santos, representante da moção C, defendeu que o "primeiro grande debate" deve ser feito dentro do partido e, só depois, fora.
Pedindo coesão, a bloquista entendeu que o BE deve "fazer a diferença nas políticas de esquerda".
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