"Vergonha absoluta". É desta forma que a deputada do Bloco de Esquerda, Isabel Pires, classifica o vídeo em que dois responsáveis dos recursos humanos da TAP surgem a falar sobre um alegado recrutamento em Madrid.
No vídeo em causa, que circula nas redes sociais, pode ver-se Pedro Ramos, diretor de recursos humanos da TAP, em Madrid, com João Falcato, direito de recursos humanos da Manutenção & Engenharia. Os dois responsáveis admitem estar a recrutar pessoas para a TAP, nomeadamente para chefe de carga.
Considerando que "há várias questões que se colocam" neste caso, a parlamentar do Bloco de Esquerda destaca que é "uma vergonha absoluta todo o vídeo". E pergunta: "Quanta falta de noção da realidade vivida por milhares de trabalhadores da TAP é preciso ter para se fazer um vídeo daqueles?"
"Enquanto se fala em despedimento coletivo já no início de julho, e depois de milhares de trabalhadores que durante 2020 e 2021 saíram da TAP, está, ou não, a haver recrutamento?", continua.
Isabel Pires adiantou ainda, no Twitter, que o Bloco de Esquerda questionará hoje mesmo o Governo sobre esta situação, "porque não se pode aceitar um despedimento coletivo e depois anunciar recrutamentos com esta desfaçatez", frisou.
Questionaremos hoje mesmo o governo sobre esta situação, porque não se pode aceitar um despedimento coletivo e depois anunciar recrutamentos com esta desfaçatez. 4/4
— Isabel Pires (@isabelruapires) June 15, 2021
O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda considera que, a ser verdade, trata-se de "uma situação grave" que revela "enorme desrespeito aos trabalhadores da TAP". O partido lembra que, desde início da pandemia, "foram despedidos 1.300 trabalhadores com vínculos a prazo" Além disso, está a decorrer o processo de despedimento coletivo de mais 206 trabalhadores, "enquanto várias centenas foram empurrados para as ditas medidas temporárias".
"Perante isto, como explica o Governo, o principal acionista da TAP, que a companhia contrate em Madrid no mesmo momento em que despede em Lisboa", questiona o partido, exigindo um "esclarecimento cabal" da situação que considera "inaceitável".
De recordar que a administração da companhia aérea decidiu abrir um inquérito seguido dos procedimentos disciplinares aplicáveis aos dois responsáveis dos recursos humanos que aparecem no vídeo. Por sua vez, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação diz estar "indignado" com a situação.
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