"Nós precisamos de fazer prevalecer sobre interesses particulares o interesse coletivo mais geral. Isto implica um combate decidido a fenómenos como a especulação imobiliária", defende João Ferreira em declarações à agência Lusa, acrescentando que é preciso haver mais envolvimento da população na tomada de decisões.
O candidato da CDU (coligação que junta PCP e Verdes) destaca, igualmente, a necessidade de diversificar a base económica da cidade, que tem "uma dependência excessiva do turismo".
A "concretização do direito à cidade para todos" é outro dos lemas adotados pelo candidato, que considera que "ao longo destes anos todos houve muitas exclusões deste direito".
Para concretizar este objetivo, refere o vereador no município há oito anos, "há passos a dar" em diversos domínios, designadamente em matéria de habitação, ensino, serviços públicos, mobilidade, cultura desporto e ambiente.
No domínio da habitação, o candidato quer aproveitar o património imobiliário municipal disperso, reabilitar e, posteriormente, colocá-lo numa bolsa de habitação a preços acessíveis.
Nos transportes, considera que há que aproveitar a redução dos passes sociais e "ir mais longe", reduzindo, por um lado, o custo do transporte público - e apontando tendencialmente à sua gratuitidade - e, por outro, revertendo "uma degradação que aconteceu durante vários anos".
O comunista salienta ainda que é fundamental enfrentar "a aberração anacrónica" que é ter um "aeroporto que cresce dentro da cidade".
João Ferreira, de 42 anos, biólogo de formação e doutorado em Ecologia, é eurodeputado do PCP desde 2009, sendo vice-presidente do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verdes Nórdica (GUE/NGL) e vereador em Lisboa desde 2013. No partido, está entre os dirigentes da Organização Regional de Lisboa e do Setor Intelectual local do PCP.
Enquanto estudante, além de membro da Junta de Freguesia da Ameixoeira, aproximou-se da política, fundando e presidindo à Associação de Bolseiros de Investigação Científica, entre 2003 e 2007.
Na Faculdade de Ciências da Universidade de Nova de Lisboa, pertenceu à direção da associação de estudantes, ao conselho diretivo, à assembleia de representantes e ao conselho pedagógico.
Esta é a sexta candidatura de João Ferreira pela CDU desde 2013, quando encabeçou, pela primeira vez, a lista para a Câmara de Lisboa, candidatura que repetiu em 2017 e de novo este ano.
Em 2014 e 2019 foi 'número 1' da CDU às europeias e já este ano concorreu às eleições presidenciais de janeiro, com o apoio de comunistas e verdes. A partir de julho, será substituído no Parlamento Europeu por João Pimenta Lopes.
Nos tempos livres, João Ferreira gosta de aproveitar a oferta cultural da cidade e frequentar locais onde "haja condições para divertir crianças ao ar livre", conta.
Nas autárquicas mais recentes para a Câmara de Lisboa, em 2017, a CDU obteve 9,55% dos votos (24.110) e dois vereadores. Na Assembleia Municipal, o PCP tem cinco deputados e o PEV dois.
Para as próximas eleições autárquicas, que acontecem entre setembro e outubro, os objetivos "passam por criar condições para uma governação democrática da cidade" que só é possível com "uma CDU fortalecida".
Para a corrida à presidência da autarquia lisboeta, atualmente liderada por Fernando Medina (PS), foram até agora anunciadas as candidaturas de Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), Beatriz Gomes Dias (BE), Bruno Horta Soares (IL), Nuno Graciano (Chega), Tiago Matos Gomes (Volt) e Manuela Gonzaga (PAN), além de João Ferreira.
O executivo de Lisboa é atualmente composto por oito eleitos pelo PS (incluindo dos Cidadãos por Lisboa e do Lisboa é muita gente), um do BE, quatro do CDS-PP, dois do PSD e dois da CDU.
Leia Também: João Ferreira sobre vídeo polémico: TAP está "a sofrer uma lowcostização"