PAN vai questionar ministro do Ambiente sobre venda do parque da Galé
O PAN vai questionar por escrito o ministro do Ambiente e da Ação Climática sobre a venda do Parque de Campismo da Galé, no concelho de Grândola (Setúbal), disse hoje à Lusa a porta-voz do partido.
© PAN
Política parque de campismo
"Neste contexto em que estamos, na iminência de uma eventual dissolução da AR, iremos fazer a pergunta por escrito, senão chamaríamos também o ministro [Pedro Matos Fernandes] a ser ouvido nas audições das comissões parlamentares", disse Inês de Sousa Real depois de uma reunião com o Grupo de Trabalho de Utentes da Galé (GTUG), para auscultar as preocupações dos utilizadores do parque de campismo que foi vendido a um consórcio norte-americano por 25 milhões de euros.
"Assim que a Assembleia retome a normalidade dos trabalhos, seja por força de um novo ato eleitoral ou da clarificação do Presidente da República se vamos ter ou não uma Assembleia dissolvida, ou chamaremos o Governo a ser ouvido em sede de comissões [parlamentares], ou, evidentemente, e aqui não falamos apenas do ministro do Ambiente, mas também da Economia e das Infraestruturas, porque há aqui várias dimensões que não podem ser descuradas", adiantou.
Para já, o PAN fez entrar "esta semana", na Assembleia da República, "um projeto de resolução que recomenda ao Governo que faça tudo o que esteja ao seu alcance para salvaguardar os valores ambientais, mas também sociais, da região", o que, no entender do partido, "não se coaduna com a intenção que o projeto da Costa Terra tem para a região".
"Falamos de mais de 4.000 pessoas que todos os anos usam este parque [de campismo da Galé]. Os 'resorts' de luxo não vêm aportar mais valor ao desenvolvimento local, muito pelo contrário, vêm desertificar a região e criar apenas um turismo muito sazonal e pontual, de uma determinada comunidade, que não está acessível a todas as pessoas do nosso país", concluiu a porta-voz do PAN.
E se Inês de Sousa Real precisou "4.000 pessoas", o Grupo de Trabalho de Utentes da Galé, constituído após terem tomado conhecimento da venda do parque de campismo a um consórcio norte-americano, por 25 milhões de euros, destaca "os milhares de pessoas" que usufruem do parque todos os anos.
"Milhares de pessoas que passam por aqui ao longo do ano, que são fornecidas, alimentadas em todas estas localidades circundantes e que vão desaparecer. Porque estes condomínios de luxo que estão a ser construídos vão ficar vazios. Isto é vendido aos estrangeiros, as pessoas vêm cá uma semana, se tanto", disse à Lusa um dos elementos do GTUG, pedindo para manter o anonimato.
Para os utentes, frisou, o que está em causa é "a permanência no local", um parque de campismo que já existe "há mais de 30 anos" e no qual vários utentes têm alvéolos contratados a tempo inteiro, mas não têm "os direitos acautelados".
"O negócio é lícito. O parque fecha, as pessoas vão perder todos os seus investimentos. Porque 99% não vão ter onde pôr os seus bens. Há muitos equipamentos que nem sequer são deslocáveis, portanto, tudo isso vai ser perdido e o concelho vai perder estas pessoas", advertiu o utente.
A venda do Parque de Campismo da Galé, no concelho de Grândola (Setúbal), a um consórcio norte-americano está a gerar indignação local e motivou o lançamento de duas petições públicas que exigem a manutenção daquela infraestrutura.
Segundo avançou recentemente o Jornal de Negócios, o Parque de Campismo da Galé foi comprado pelo consórcio norte-americano Discovery Land Company à Imobiliária das Ilhas Atlânticas, por 25 milhões de euros, com o objetivo de reforçar a aposta no litoral alentejano.
A empresa americana, revelou o mesmo jornal, pretende desmantelar o parque de campismo, instalado numa área de 32 hectares, de forma a expandir o projeto do empreendimento Costa Terra Golf & Ocean Club, naquela freguesia do concelho alentejano.
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