Em entrevista à RTP3, o líder centrista salientou que possui "legitimidade formal e política para liderar o CDS nas legislativas" pelos resultados que apresentou e também porque o seu mandato "termina no final de janeiro de 2022", quando passarem dois anos do último congresso.
"O meu mandato é de dois anos. Porque é que eu tenho de antecipar o término do meu mandato em cerca de três meses e meio pelo facto de termos eleições legislativas?", questionou, apontando não compreender.
Francisco Rodrigues dos Santos, que ia disputar com o eurodeputado Nuno Melo a liderança do partido no congresso eletivo de 27 e 28 de novembro, afirmou que aqueles que o "criticam de falta de legitimidade foram exatamente os mesmos que eram contra e ameaçaram também impugnar a deliberação do Conselho Nacional que antecipou o congresso para novembro".
O líder defendeu o adiamento do congresso defendendo que, mediante a data das eleições antecipadas, "uns dias depois do congresso" o CDS teria de ter definido o programa eleitoral e fechado eventuais coligações e as listas de deputados.
O presidente do CDS-PP defendeu também que Nuno Melo "invoca uma falsidade, que é dizer que o Conselho Nacional reuniu irregularmente e de forma ilegal", alegando que os estatutos do partido "permitem a convocação" do órgão máximo do partido entre congressos "com caráter de urgência", sem ter "de obedecer a antecedência mínima de convocatória".
Francisco Rodrigues dos Santos refutou também que a reunião de sexta-feira tenha sido impugnada, argumentando que "para haver uma decisão é preciso que haja uma acórdão" que explique porque é que as regras foram violadas e preveja direito ao contraditório.
No entanto, mais à frente, o líder centrista indicou que na segunda-feira foi enviada "alguma fundamentação" para o Conselho Nacional que se prende "com a antecedência das convocatórias ter oito dias".
Rodrigues dos Santos disse também que, apesar de os membros do Conselho de Jurisdição Nacional não poderem "ser titulares de órgãos executivos nem de mesas da assembleia", dois dos membros "que votaram a favor", um "é membro de uma assembleia de militantes em Oeiras e a outra é membro da distrital de Braga", liderada por Nuno Melo, considerando haver "vontade política" por trás da decisão.
Estas irregularidades "que violam a lei dos partidos", foram "descobertas agora" pela direção, acrescentou.
O líder mostrou-se ainda disponível para "integrar, desde que Melo esteja disponível para respeitar" o adiamento do congresso para depois das legislativas.
E refutou as críticas dos opositores de que tem medo de ir a eleições internas, referindo que o que está em causa não se trata daquilo que "é melhor" para si nem aquilo "que queria".
"Aquilo que era melhor para mim e que eu desejava era ir imediatamente a congresso e ganhá-lo, vencê-lo de forma categórica como fiz há dois anos exatamente aos mesmos que me criticam agora", salientou.
Recusando "gastar um mês em disputas internas com este grau de agressividade" por ser "um ato fratricida, destruidor do próprio CDS", Rodrigues dos Santos afirmou que os seus opositores não estão preocupados com o país mas com impedi-lo de "fazer as suas listas e escolher a sua estratégia política".
Sobre as declarações de Paulo Portas, Francisco Rodrigues dos Santos defendeu que o antigo líder do partido "foi mal informado", porque "disse coisas que não correspondem à realidade", e "fez o mesmo para cancelar o congresso em 2003 e 2013".
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