O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, acusou o primeiro-ministro de ter uma "tentação de fazer acusações aos partidos à Esquerda" que "não servem para resolver nenhuns problemas". Servem antes para "perpetuar aquilo que já foi iniciado no debate orçamental e que ontem foi feito de forma clara: a ambição de maioria absoluta do PS" que António Costa declarou ontem, em entrevista à RTP, de "viva voz".
Numa reação feita na Assembleia da República, Pedro Filipe Soares não fechou a porta ao diálogo com o PS e defendeu que o Bloco "nunca faltou a nenhum diálogo para medidas à esquerda. sempre o fizemos de forma séria, comprometida com a melhoria da qualidade de vida das pessoas e de forma sensata para com as contas públicas".
Questionado sobre o fim da solução governativa à Esquerda apelidada de Geringonça, o parlamentar reafirmou: "Sobre qualquer chapéu que lhe queiramos dar, mais importante do que discutirmos forma é discutirmos o conteúdo. No que toca a conteúdo, colocamos em cima da mesa matérias importantes que o Governo não responde com seriedade e com os números que devia responder".
Pedro Filipe Soares acusa mesmo António Costa de usar estas matérias, como a eliminação dos cortes nas pensões, "não para melhora a vida das pessoas mas sim para criar confronto político com os partidos à Esquerda", estando o líder do Executivo "mais preocupado em ambições políticas e com maiorias absolutas".
À acusação feita por António Costa de que houve políticos que não tiveram respeito pelas dificuldades das pessoas durante o processo negocial e votação do Orçamento do Estado, o bloquista contrapôs: "Quando se fala em responder às pessoas, e de políticos que têm de responder pela dignidade das pessoas, não se compreende como é que se coloca em cima da mesa uma suspeição e desconfiança sobre uma medida tão fundamental como a eliminação do corte nas pensões quando na verdade seria uma medida de dignidade e sustentável"
"O primeiro-ministro repetiu uma acusação novamente sem apresentar qualquer número, sem a enquadrar financeiramente, que se prende com uma medida da eliminação um corte que os pensionistas têm quando a recebem de forma antecipada - o fator de sustentabilidade. Disse que a medida era insustentável, mas sem apresentar qualquer número ou qualquer estudo". Para o Bloco de Esquerda, a eliminação deste corte é "uma medida sustentável" e "necessária para responder às pessoas".
No ano de 2022, tal medida "teria um custo em linha com aquilo que o Governo aceitou que a EDP não pagasse de imposto pela venda das barragens", comparou.
[Notícia em atualização]