Rui Rio foi, esta quarta-feira, o convidado do programa 'Grande Entrevista', da RTP3, onde versou sobre a situação interna no seu partido. Numa altura em que há disputa interna, o líder do PSD começou por sublinhar que, "como estamos em cima de eleições legislativas, o melhor contributo que posso dar é procurar evitar que o partido ande 'uns contra os outros' para lá daquilo que é apenas o necessário pelo facto de haver eleições".
De recordar que, esta terça-feira, em conferência de imprensa, o atual líder do PSD anunciou que não irá fazer campanha para as diretas de 27 novembro para se concentrar nas eleições legislativas e na oposição ao PS e Governo.
"Todos os ataques que eu faço ao doutor Paulo Rangel são, depois, argumentos que o doutor António Costa pode usar contra ele se ele ganhar. E vice-versa. Todos os ataques que ele me fizer a mim, depois o doutor António Costa e os adversários dirão: 'Nem sou eu que digo que tem esta insuficiência ou aquela'", justificou Rui Rio, acrescentando que a sua decisão de não fazer campanha é "em defesa do próprio partido".
O líder 'laranja' considerou ainda ser "prudente" não "exacerbar esta campanha". "Esta é a minha posição. Entendo que o partido não se devia ter metido numa guerra interna quando tem uma guerra externa".
Questionado sobre se Rio não tem o dever de fazer campanha junto dos militantes, o presidente dos sociais-democratas vincou que procura "não expor o partido a guerras internas mais do que aquilo que já vai ter de ser". "É agora em 15 dias que eu ia mostrar algo de diferente daquilo que já mostro há não sei quantas décadas? Era nestes 15 dias - se fizer ataques mais cerrados a Paulo Rangel -, que as pessoas vão olhar para mim de forma diferente? Os portugueses e os militantes do PSD conhecem-me há muito tempo", destacou, frisando que têm condições para o avaliar.
"Eu estou a preparar-me para ser primeiro-ministro de Portugal. Isto é uma responsabilidade brutal", dissertou ainda, considerando que o mais importante é "estar preparado" para assumir a função de chefe do Governo: "Não quero chegar lá sem estar preparado. Para isso mais vale ir outro, de um partido qualquer, a sério. Dizer: 'Eu quero governar Portugal' é de uma responsabilidade enorme".
"Não pode ser primeiro-ministro quem muito quer"
Mais à frente, na mesma entrevista, Rui Rio considerou estar preparado para ser chefe de Governo: "Mal fora que não estivesse quando estou aqui há quatro anos, quer do ponto de vista do conhecimento quer do ponto de vista da mentalização e do estado psicológico para isso".
E mais: "Não pode ser primeiro-ministro deste país quem não quer, mas também não pode ser quem muito quer". "Quem não quer, nunca terá resistência psicológica para exercer. Quem quer muito, não sabe no que se está a meter", justificou.
Já sobre se Paulo Rangel está preparado para ser primeiro-ministro, Rui Rio foi taxativo: "Acho que não. O doutor Paulo Rangel não sabia que nós íamos ter eleições legislativas em janeiro de 2022 [...] Ninguém está preparado para dizer: 'Eu não estava bem a pensar nisto - estava a pensar nisto daqui a dois anos -, mas daqui a três meses quero ser primeiro-ministro".
"Não está, isto para mim é claro. Se me dissessem, quando entrei para o PSD em fevereiro [de 2018], que em maio ia disputar legislativas... eu não estava. Ainda por cima dois meses e com disputa interna", afirmou.
Há, até ao momento, três candidatos à liderança dos sociais democratas: Rui Rio, que se recandidata, o eurodeputado Paulo Rangel e Nuno Miguel Henriques, ex-candidato do PSD à Câmara Municipal de Alenquer.
[Notícia atualizada às 23h40]
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