Francisco Louçã descreveu, esta sexta-feira, no seu habitual espaço na SIC Notícias, a maioria absoluta do Partido Socialista no Governo como um “facto político inesperado e esmagador” e considerou que o "Chega é como um seguro de vida de António Costa".
“É um facto político inesperado e esmagador. É uma maioria absoluta que se ampliará até, provavelmente, 219 deputados, depois de seis anos de governação mais quatro anos e meio, porque esta legislatura será de quatro anos e meio. Dá a António Costa um poder excecional", considerou.
Para o ex-coordenador do Bloco de Esquerda, há “uma espécie de endeusamento” à volta de António Costa e salienta que “não é muito comum” que dois bancos - o BPI e Santander - tenham “saudado” a maioria absoluta, bem como “todas” as agências de notação financeira e comentadores políticos.
A maioria absoluta de António Costa foi possível “com quatro triunfos”. Primeiro, “a não negociação do Orçamento” e o chumbo que levou às eleições legislativas antecipadas, algo que Louçã diz ser “uma artimanha política”. Em segundo, “o Partido Socialista beneficiou imenso da incidência açoriana”, ou seja “da ideia de que se a direita pudesse chegar ao Governo teria um acordo com o Chega”.
Em terceiro, o partido “conseguiu partidos que sateliza e ficam muito próximos da sua governação”, como o PAN e o Livre. Por último, o Chega, que é “como um seguro de vida de António Costa”.
“Quanto mais expressiva for a expressão do Chega, mais difícil é para o PSD aproximar-se de um patamar de governo e mais fica prisioneiro desta ambiguidade e deste discurso sobre se vai ou não cair numa aliança com a extrema-direita”, afirmou, acrescentando que para o PS o “avanço do Chega é um enorme sucesso e uma enorme garantia”.
Na sua ótica, o Governo da próxima legislatura “não vai ser de diálogo”, mas António Costa “tentará deixar para trás o fantasma cavaquista”.
Sobre o 'tombo' do Bloco de Esquerda, que perdeu 14 deputados nas eleições de domingo, Francisco Louçã defendeu Catarina Martins, a atual coordenadora do partido, e atirou: "Ninguém disse a Jerónimo de Sousa, em 2019, quando ele teve o pior resultado do PCP, que devia sair. Jerónimo de Sousa é adorado dentro do PCP, como Catarina Martins é adorada dentro do Bloco".
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