"Ninguém cresce subtraindo. E neste partido fazemos todos falta", afirmou o eurodeputado, na apresentação da sua moção, perante o 29.º Congresso do partido.
Nuno Melo salientou que "o CDS foi um partido onde democratas-cristãos, conservadores e liberais se sentiam bem, porque complementares" e deixou uma garantia.
"Se for presidente do CDS, podem ter a certeza, acabarei com tendências artificiais, barricadas em processos autofágicos e pouco inteligentes de purificação doutrinária", disse.
O candidato à liderança deixou uma palavra especial para alguns militantes ilustres que deixaram recentemente o CDS-PP.
"Uma palavra para António Pires de Lima, para o Adolfo Mesquita Nunes, para o Francisco Mendes da Silva, para o João Condeixa e para tantos outros, que neste momento não estão aqui, mas que pretendo que voltem. Esta é a vossa casa e durante dois anos farei tudo para que o percebam", afirmou.
Na sua intervenção, Nuno Melo prometeu ainda que, se for eleito, promoverá um Congresso de revisão estatutária que permita que todos os presidentes de Câmara do partido tenham assento nas reuniões da comissão política nacional e um seu representante nas reuniões da comissão executiva, órgão restrito da direção onde quer também o presidente da Juventude Popular.
"Agora que não estamos na Assembleia da República, os nossos governantes regionais e os nossos autarcas, das assembleias de freguesia às presidências de câmara e assembleias municipais são o nosso maior ativo. Aproveitá-los e potenciá-los, beneficiar do seu trabalho e exemplo será crucial", disse.
Nuno Melo defendeu que, para recuperar a representação parlamentar perdida nas últimas legislativas, o CDS terá de ser visto como útil.
"Isso implica ideias nítidas, identificar problemas, mas também a capacidade de apontar as soluções. Quero resgatar para o CDS ideias identitárias de sempre, que outros hoje tratam como suas, porque deixaram DE ser suficientemente nítidas cá dentro", disse.
Nessa linha, assegurou que, se for eleito líder, o CDS voltará a ser "a voz dos professores, dos contribuintes, dos pensionistas, das forças de segurança, dos ex-combatentes, dos agricultores, do mar como setor estratégico".
"Mas também estarmos na primeira linha das 'novas agendas', que estão no epicentro das decisões europeias, casos da sustentabilidade, da energia, da economia verde, ou da transição digital", assegurou.
Nuno Melo agradeceu aos independentes que ajudaram a construir a sua moção e prometeu ainda trazer "as mulheres do CDS para a linha da frente" das decisões do partido, dando como exemplo máximo a antiga deputada Cecília Meireles.
"Queria trazer muitas das Cecílias Meireles que estão no partido e só não se notam (...) Não me comprometo com paridades, mas com mulheres de talento e a darem a cara por este partido".
Nuno Melo, que acabou a falar 14 minutos em vez dos dez reservados a cada um dos primeiros subscritores de moções, deixou ainda uma palavra ao autarca do partido em Velas, devido à ameaça sísmica na ilha de São Jorge, e para alguns militantes ausentes do Congresso por estarem com covid-19, como o ex-líder parlamentar Telmo Correia, o antigo presidente da Mesa do Congresso, Luís Queiró, ou o ex-presidente do CDS-PP Açores, Artur Lima.
O 29.º Congresso do CDS-PP reúne-se até domingo em Guimarães (distrito de Braga) para eleger o próximo presidente do partido.
Esta reunião magna acontece dois meses depois das eleições legislativas de 30 de janeiro, nas quais o CDS-PP teve o pior resultado de sempre (1,6%) e perdeu pela primeira vez a representação na Assembleia da República.
O atual líder, Francisco Rodrigues dos Santos, que tinha sido eleito em janeiro de 2020, demitiu-se na noite eleitoral depois de conhecidos os resultados.
São quatro os candidatos assumidos na corrida à liderança: Nuno Melo (eurodeputado e líder da distrital de Braga), Miguel Mattos Chaves, Nuno Correia da Silva (ambos vogais da Comissão Política Nacional) e o militante e ex-dirigente concelhio Bruno Filipe Costa.
Leia Também: Nuno Melo diz querer "salvar o CDS" e falar "do futuro e para fora"