Reduzir o défice? "É preciso perceber se essa é a estratégia correta"

Declarações do dirigente do Livre, Rui Tavares, que aponta que "é melhor acudir à crise do que estar a priorizar uma descida do défice".

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Ema Gil Pires
28/04/2022 12:01 ‧ 28/04/2022 por Ema Gil Pires

Política

Orçamento do Estado

No dia em que começa a ser discutida na generalidade a aprovação do Orçamento do Estado para 2022, o líder do Livre, Rui Tavares, disse que era "preciso perceber" se uma redução do défice, tal como previsto pelo programa do Governo, é a "estratégia correta" para a realidade que o país vive atualmente.

Em declarações à RTP3, o deputado lembrou que o "Orçamento pretende baixar o défice em seis décimas" face ao ano anterior", havendo provavelmente uma vontade política em ter uma "baixa maior do que essa". Porém, defendeu que é preciso entender se essa é a estratégia mais adequada "para o mundo deste ano, com a inflação mais alta e a guerra na Ucrânia". 

Neste sentido, o dirigente do Livre veio defender que "é melhor acudir à crise do que estar a priorizar uma descida do défice, que não é imediatamente a prioridade social e ecológica mais adequada".

Rui Tavares deixou uma crítica ao Governo, dizendo que se o país tivesse feito "o desmame em relação aos combustíveis fósseis" na década anterior, "não estávamos na situação de dependência" da Rússia em que "estamos agora". 

Quanto à intenção de voto do Livre no que toca ao Orçamento do Estado para 2022, Rui Tavares adiantou que o mesmo depende ainda de um "processo de deliberação interno". Porém, se o Governo passar de apenas uma "postura de diálogo" para o estabelecimento de "compromissos claros", haverá uma "evolução" mais favorável no sentido de uma aprovação.

Rui Tavares disse ainda que o Governo já demonstrou uma "abertura para discutir propostas que o Livre apresentou, nomeadamente o Programa 3C (Casa, Conforto e Clima)". Na sua perspetiva, "margem de manobra orçamental" para aplicar medidas dessa natureza existe e, por isso, "depende apenas de vontade política".

"Se Governo não for dialogante, dificilmente vamos conseguir debelar esta crise"

Também em declarações à RTP3, a líder do PAN, Inês Sousa Real, começou por colocar o foco sobre a discussão do Orçamento do Estado para 2022 na questão climática. "Temos a crise climática a bater-nos à prova e verificamos que o Orçamento desce, até mesmo em termos percentuais, os apoios que o Ministério do Ambiente, e da Economia e do Mar têm dedicados a estas matérias", destacou.

Inês Sousa Real destacou ainda que este que é o "primeiro orçamento que temos depois de uma crise socioeconómica sem precedentes", sendo também "fundamental fazermos contas àquilo que é a rota do crescimento salarial e das pensões, mas também o combate à inflação provocada por esta guerra".

Na ótica do partido, caso "António Costa e o seu Governo não forem dialogantes", o país "dificilmente" vai "conseguir debelar esta crise", afirmou Inês Sousa Real. A deputada disse ainda que o "Orçamento fica aquém do consensualizado" - isto porque medidas como o "combate à pobreza energética" ou a "descida do IVA em produtos essenciais" estão previstas no documento, embora falte "tudo o resto". 

"Deve existir um apoio direto às famílias", acrescentou, dizendo ainda: "O Orçamento prevê 300 milhões para combate à pobreza energética", numa altura em que os "estudos mais conservadores mostram que precisávamos de 600 milhões de euros ao ano em apoios diretos".

Quando ao sentido de voto do PAN face ao Orçamento de Estado para 2022, Inês Sousa Real garantiu que o mesmo "ainda está em aberto". "Esta vai ser a derradeira prova de fogo", afirmou ainda a líder ecologista, defendendo que o governo vai ter de ser "dialogante" a propósito deste tema e de "saber ouvir e acolher propostas das outras forças políticas".

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