O líder parlamentar do PSD, Paulo Mota Pinto, considerou esta sexta-feira, no Parlamento, que o Orçamento do Estado é um "orçamento recondicionado" que ignora "de modo ostensivo" que o mundo mudou desde que o Governo apresentou a primeira proposta, ainda no ano passado.
"A Assembleia da República vai hoje votar, quase a meio de 2022, um orçamento datado de 2021 e recauchutado ou, para usar um termo mais em voga, um orçamento recondicionado", afirmou no encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), que decorre hoje no parlamento, e no qual o PSD vai manter o voto contra.
O deputado defende que o documento é o mesmo que o Governo negociou, no ano passado, "aos bocados" com PCP e Bloco de Esquerda e que acabou por ser chumbado.
"Se já nessa altura o PSD considerou que a proposta de orçamento apresentada não respondia às necessidades e às urgências do país, por maioria de razão isso vale para um orçamento que ignora de modo ostensivo que, de lá para cá, o mundo mudou", considera.
Para o PSD, "o Governo não aproveitou a circunstância atípica" de o documento ser votado "quase a meio do ano" para o adaptar "às exigências do tempo presente", referindo-se à guerra na Ucrânia e aos respetivos efeitos na economia.
"O Governo olhou para uma mão e viu a proposta de orçamento que tinha sido rejeitada, olhou para a outra mão e viu a maioria absoluta entretanto conquistada pelo Partido Socialista e daí a concluir que não valia apenas esforçar-se para apresentar a esta Assembleia um orçamento consentâneo com a atual realidade, pois podia fiar-se no peso da maioria absoluta", atirou.
Paulo Mota Pinto acusa os socialistas de "apenas três meses depois das eleições", já estarem a "incumprir de forma flagrante as promessas que fizeram durante a campanha eleitoral".
Prometeu aumentar os rendimentos dos portugueses, não apenas o salário mínimo" - recordou, - "mas também o salário médio"
"Hoje, todos já percebem o embuste. A inflação tornou-se uma dura realidade que entrou pela vida dos portugueses dentro", afirma, sublinhando que o Governo prevê uma inflação de 4% para este ano, mas atualizar salários apenas em 0,9%.
O líder parlamentar do PSD admitiu ainda compreender a necessidade de reduzir a dívida, mas defendeu que isso não pode ser feito apenas à custa do "empobrecimento dos trabalhadores públicos" e de promessas não cumpridas.
"O Estado enriquece, os trabalhadores empobrecem", afirmou, acrescentando que haverá este ano "um novo agravamento fiscal para as pessoas singulares (devido à falta de atualização dos escalões do IRS), sem contrapartida na oferta de bens e serviços públicos, e sem compensação pela perda de poder de compra".
Mota Pinto acusou o Governo de simular "aparentes diálogos" no debate de orçamento "apenas com alguns partidos", mas ter rejeitado quase todas as propostas do PSD "sem justificação e por mero capricho".
"O PSD não pode deixar de votar contra a sua aprovação", conclui, confirmando a repetição do voto do partido na generalidade.
[Notícia atualizada às 12h57]
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