De acordo com o 'site' do PSD, e quando falta apenas apurar uma secção (no círculo da Europa), o antigo líder parlamentar conseguiu cerca de 72,5% dos votos e o adversário Jorge Moreira da Silva 27,5%.
Desde que o presidente do PSD é escolhido pelo método de eleições diretas (2006), esta é a maior diferença de sempre entre o primeiro e o segundo candidato, quase 45 pontos percentuais.
Até agora, a maior diferença tinha sido alcançada nas diretas de 2010, disputadas entre Passos Coelho, Paulo Rangel, José Pedro Aguiar-Branco e Castanheira Barros: a diferença entre o primeiro e segundo candidatos foi de quase 27 pontos percentuais, com o antigo primeiro-ministro a recolher mais de 61% dos votos e o eurodeputado 34,4%.
Nas 19 distritais de Portugal Continental, Montenegro venceu em todas e apenas na de Faro ficou abaixo dos 60%, conseguindo 58% dos votos, vencendo também na Madeira (onde alcançou a diferença mais expressiva, 87% dos votos) e nos Açores.
Nas quatro grandes distritais, o antigo líder parlamentar conseguiu quase 73% no Porto, perto de 70% na Área Metropolitana de Lisboa, 66% na de Braga e quase 65% na de Aveiro.
Nas dez maiores concelhias, Jorge Moreira da Silva só venceu numa: Barcelos, no distrito de Braga (que tem no seu diretor de campanha Carlos Eduardo Reis uma das figuras mais influentes), onde conseguiu 54% dos votos.
Em contraponto, em Vila Verde, também no distrito de Braga, Luís Montenegro conseguiu 88% dos votos, numa estrutura 'controlada' pelo eurodeputado e seu apoiante José Manuel Fernandes.
A estrutura da Europa está ainda por fechar e na Fora da Europa registou-se um empate, mas apenas votaram nove militantes em cada um dos candidatos.
No total, em relação às anteriores diretas, votaram quase menos dez mil militantes, o que coloca a abstenção num valor próximo dos 40%, quando nas duas anteriores eleições internas (com um novo regulamento em que só podem votar os militantes com quotas válidas no mês da eleição) rondou os 20%.
No discurso de vitória, em Espinho (distrito de Aveiro), Montenegro minimizou esta taxa de abstenção, considerando que não foi na sua candidatura, e realçando que, em números absolutos, os seus mais de 19.000 votos são superiores aos obtidos por Rui Rio nas duas últimas eleições diretas.
O antigo líder parlamentar afirmou que, apesar do mandato ser de dois anos, pretende ser "candidato a primeiro-ministro" nas eleições legislativas de 2026, e considerou que a sua vitória dita "o princípio do fim da hegemonia do PS".
"Hoje, no essencial, não fomos nós quem ganhou ou o PSD, no essencial, quem ganhou foi Portugal. Portugal ganhou hoje a formação de uma alternativa política ao socialismo que nos tem governado e desgovernado nos últimos anos", disse.
Sobre as europeias de 2024, que deverão anteceder as próximas eleições diretas, reiterou que "vai para ganhar", mas assegurou que "não fugirá às responsabilidades".
Sobre o adversário, Montenegro assegurou que não "vai prescindir do seu talento e dos que o apoiaram".
No discurso de derrota, feito na sede de campanha em Oeiras (Lisboa), Jorge Moreira da Silva disse que irá contribuir para a unidade, mas sem quaisquer funções executivas na nova equipa.
O antigo 'número dois' do PSD deixou em aberto a possibilidade de se voltar a candidatar à liderança do partido no futuro, dizendo que "seria um disparate" afastar esse cenário aos 51 anos.
O candidato derrotado assegurou que não vai abdicar das suas ideias, mas remeteu para o Congresso a definição de qual será o seu papel no partido, sem responder, por enquanto, se irá apresentar uma lista alternativa ao Conselho Nacional.
Luís Montenegro já se tinha candidatado à liderança do PSD em 2020, perdendo para Rui Rio por cerca de 2.000 votos, e irá agora ser consagrado como seu sucessor no Congresso marcado para 01, 02 e 03 de julho, no Coliseu do Porto.
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