Marques Mendes sobre Cavaco Silva: "Tem o direito e o dever" de falar

O comentador político defendeu também que os conselhos do antigo Presidente da República ajudam a "criar mais ambição no país".

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Tomásia Sousa
05/06/2022 23:19 ‧ 05/06/2022 por Tomásia Sousa

Política

Luís Marques Mendes

Luís Marques Mendes defendeu, este domingo, Cavaco Silva, que reconheceu que "ocupou politicamente a semana". Para o comentador político, o antigo Presidente da República tem "o direito e o dever" de falar ao país, tendo em conta "o seu legado".

Começando por referir-se ao artigo que Cavaco escreveu no início da semana para o Observador, Marques Mendes afirmou, no seu habitual espaço de comentário no Jornal da Noite da SIC, que o texto era "claramente dirigido a António Costa".

Para o antigo líder do PSD, "António Costa foi um pouco deselegante" ao referir-se às maiorias absolutas de Cavaco na sua tomada de posse, há quatro meses, e "Cavaco Silva não foi suave na resposta".

"Cavaco Silva é um bocadinho, no plano da atitude, como Mário Soares. Gosta de um bom combate. Não se fica. Tem alguma razão", considerou Luís Marques Mendes.

Goste-se ou não se goste de Cavaco Silva, concorde-se ou não se concorde com o seu estilo e com as suas ideias, há uma coisa que eu acho que toda a gente compreende: quando ele fala, toda a gente comenta. Há metade do país que gosta e metade do país que não gosta, mas ninguém fica indiferente", apontou. "Isto é que é a demonstração do estatuto, do poder e do carisma de um político."

Para o comentador, Cavaco Silva "tem um legado político invulgar enquanto primeiro-ministro".

"Considero que foi o melhor primeiro-ministro da nossa democracia", defendeu ainda, referindo que, durante os 10 anos em que esteve no poder, Portugal aproximou-se da média da União Europeia em termos de crescimento em 12,6 pontos percentuais.

Marques Mendes aponta também que o país "chegou a crescer acima de 7% durante esses anos" e que até então, no domínio social, "os reformados e os pensionistas só recebiam 13 prestações por ano".

"É por isso que [Cavaco] teve uma maioria absoluta e, a seguir, se fosse poder absoluto, não teria maioria absoluta", acrescentou, respondendo a António Costa.

"Uma pessoa que tem um legado desta natureza vai ficar calado? Eu acho que tem o direito de falar e o dever", rematou, justificando que "ajuda a criar mais ambição no país".

"Seria estranhíssimo que Cavaco Silva, que tem orgulho nesta obra, não falasse dela", concluiu o comentador, que acredita que, no futuro, António Costa vai "pensar duas vezes".

O apoio a Montenegro

Quanto ao PSD, para Marques Mendes a novidade não foi tanto as críticas "duras e violentas" a Rui Rio, mas o "apoio claro" dado a Luís Montenegro.

"Eu não me recordo de Cavaco Silva alguma vez ter apoiado um líder do PSD na oposição. Ele abre agora uma exceção e apoia Luís Montenegro", aponta o comentador, referindo-se aos elogios deixados pelo antigo primeiro-ministro ao novo líder do partido numa entrevista à CNN. 

Na ótica de Marques Mendes, isso acontece porque "o PSD chegou a um estado muito difícil" e atravessa "uma situação muito delicada".

Eu acho que Cavaco Silva se sentiu na obrigação, no dever, na responsabilidade moral de ajudar à recuperação do partido", afirma. "Ele foi o líder do PSD que governou durante mais tempo. Cavaco Silva é talvez o líder que diz mais ao PSD mais profundo."

Leia Também: "Surpreende-me muito esta apatia dos militantes do PSD", diz Cavaco

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