Chega falha eleição para mesa da AR (outra vez) e acusa PS de "boicote"

André Ventura acusou hoje o PS de promover um "verdadeiro boicote" à eleição de um deputado do Chega à vice-presidência do parlamento, com o líder parlamentar socialista a declarar que "há uma linha vermelha" que não será ultrapassada.

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Lusa
22/09/2022 18:34 ‧ 22/09/2022 por Lusa

Política

Parlamento

O Chega falhou hoje, pela terceira vez, a eleição de um vice-presidente da Assembleia da República, tendo o deputado Rui Paulo Sousa obtido 64 votos favoráveis, quando precisava de 116 votos para ser eleito.

No final da votação, o presidente do Chega pediu a palavra para se queixar de um "verdadeiro boicote" ao seu partido, sustentando que a bancada apresentou candidatos "com diferentes perfis para que a Assembleia da República se pronunciasse sobre a sua viabilidade para ocupar o cargo", mas que não é isso que está em causa. 

"É um boicote partidário, é um boicote ideológico, e é algo que não fica muito bem a uma câmara fazer, ainda que o Chega respeite o voto dos seus pares", salientou, falando no "maior boicote que na Europa ocidental há memória a um partido político".

Dirigindo-se diretamente ao líder do Grupo Parlamentar do PS, Ventura afirmou que "este resultado só tem um partido responsável, é o partido que governa Portugal".

"Este resultado, senhor deputado Eurico Brilhante Dias e toda a bancada do PS, é-vos diretamente imputado", acusou.

Em reposta, Eurico Brilhante Dias afirmou que os "120 deputados desta bancada votaram de forma livre e democrática, votaram com as suas convicções, votaram com o mandato que lhes foi dado pelos eleitores", recusando a acusação de boicote.

"Nesse mandato não estava nenhum boicote, mas uma linha vermelha para todos aqueles que são contra a democracia e são contra o sistema democrático", defendeu.

Falando em "120 responsáveis", o líder parlamentar do PS disse ter a "honra de liderar uma bancada que, perante a falta de liberdade, perante aqueles que querem atacar os fundamentos mais preciosos do Estado democrático, não hesita".

"Entre nós e a extrema-direita antidemocrática há uma linha vermelha que eu, que nós, que 120 deputados, não irão jamais trespassar. Connosco não passarão", disse o deputado socialista.

O Chega não quis deixar o PS sem resposta, tendo o líder parlamentar dito não admitir que a sua bancada fosse apelidada de antidemocrática.

"Em democracia temos que aceitar os resultados. Em vez de chamar a esta bancada antidemocrática, tem que aceitar o resultado e o voto de 400 mil portugueses, e tem que respeitar esses portugueses", defendeu Pedro Pinto.

Justificando ter-se sentido "de certa forma abrangido" nesta questão, o líder da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, questionou Brilhante Dias "se considera a IL para lá dessas supostas linhas vermelhas que ninguém lhe deu o direito de estabelecer em relação aos votos dos portugueses".

E apontou que, no início da legislatura, quando o seu nome também foi 'chumbado' para vice-presidente, "boa parte" dos deputados do PS não votaram em si.

O líder parlamentar do PS respondeu que "um deputado da Iniciativa Liberal ter 110 votos de deputados foi porque a larga maioria dos votos que teve vieram desta bancada", incluindo o seu.

E deixou um desafio a Cotrim Figueiredo: "Em democracia, aceitamos os resultados eleitorais e faço-lhe o convite, apresente o candidato que entender a vice-presidente deste hemiciclo, terá mais uma vez o meu voto".

[Notícia atualizada às 19h06]

Leia Também: E à terceira (não) foi de vez. Chega falha eleição de vice do Parlamento

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