Paulo Portas apontou, no seu espaço de comentário da CNN Portugal, no passado domingo, que o resultado das eleições italianas trará "substanciais diferenças" para o governo do país. "Ganhe quem ganhar, a Itália poderá ter o primeiro primeiro-ministro diretamente eleito nos últimos onze anos", acrescentou.
Para o ex-governante "a Itália passará de um primeiro-ministro muito respeitado [Mario Draghi] a uma primeira-ministra - se for Georgia Meloni - que vai ter que lidar com dois 'sócios' muito difíceis". "E está ela própria debaixo de algum fogo por questões europeias".
E há, nesta eleição, um "fator preocupante, que é o fator Rússia". "Em qualquer cenário, haverá amigos da Rússia no governo" italiano, afirmou ainda Paulo Portas.
"Temo que a Europa, que já tem um problema com a Hungria - que está cada vez mais filorrussa - possa vir a ter outro"
De recordar que a presidente do partido 'Irmãos de Itália' (FdI), Giorgia Meloni, declarou hoje vitória nas eleições legislativas de domingo em Itália, reivindicando a liderança do próximo governo. No primeiro discurso após a votação de domingo, Meloni garantiu que o partido irá governar "para todos" e "para que os italianos se possam orgulhar de ser italianos".
"Os italianos enviaram uma mensagem clara de apoio a um governo de direita liderado" pelo FdI, disse Meloni, que deverá tornar-se a primeira mulher a liderar o executivo de Itália, à imprensa na capital, Roma.
De acordo com resultados parciais, a coligação de direita e extrema-direita - liderada pelo FdI e que reúne ainda a Liga, de Matteo Salvini, e o partido conservador Força Italia, de Silvio Berlusconi - obteve entre 43% dos votos nas legislativas. O bloco de centro-esquerda, liderado pelo Partido Democrático, de Enrico Letta, deverá ter 26% dos votos.
As eleições foram marcadas depois de o Movimento 5 Estrelas ter decidido abandonar a coligação governamental e o primeiro-ministro, Mario Draghi, ter acabado por renunciar, em julho passado, fazendo cair o governo, dois anos após a sua constituição.
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