"Considerando as opções desta proposta de Orçamento do Estado bem como o teor dos acordos subscritos pelo Governo com o grande patronato e algumas organizações sindicais nas últimas semanas percebe-se hoje melhor o regozijo manifestado pelos grupos económicos com a maioria absoluta do PS no dia seguinte às eleições. São esses que têm as contas certas com o Governo para continuarem a apropriar-se de fatias crescentes da riqueza nacional", defendeu Jerónimo de Sousa.
O líder comunista intervinha no encerramento do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2023, que tem aprovação garantida pela maioria absoluta do PS.
"Para a grande maioria dos portugueses o que as opções do PS reservam é a exploração, o empobrecimento, as injustiças e desigualdades, a acelerada e profunda degradação das condições de vida", vincou.
Na opinião dos comunistas, esta proposta de Orçamento "agrava a injustiça fiscal, recusando as medidas que há muito se justificam de alívio para os rendimentos do trabalho, e acentua a política de desvalorização real dos salários, das carreiras e profissões na Administração Pública, seguindo o caminho de empobrecimento delineado para o setor privado".
O PCP insistiu que "quanto às pensões e reformas o que está em curso é uma verdadeira fraude aos reformados e pensionistas".
"O contraste entre a maioria absoluta do PS e os seis anos anteriores é evidente. Entre 2017 e 2021 foi-se além da lei e decidiram-se aumentos extraordinários para que os reformados e pensionistas pudessem ter aumentos do seu poder de compra. A partir de 2022, com a maioria absoluta do PS, decidem-se cortes nos aumentos que a lei prevê, em prejuízo dos reformados e pensionistas que voltam a perder o seu poder de compra", salientou.
Esta "marca de injustiça social da maioria absoluta do PS", defendeu o secretário-geral comunista, "acentua-se ainda mais com as benesses distribuídas pelos grupos económicos, com destaque para os novos benefícios fiscais e o aumento das verbas públicas destinadas a serem desviadas para os lucros das grandes empresas por via de PPP [Parcerias Público-Privadas], de contratos de prestação de serviços e outras alcavalas".
Quanto aos "colossais" lucros dos grupos económicos, continuou Jerónimo de Sousa, "têm como resposta do Governo apenas promessas tímidas de alguma espécie de taxação que a União Europeia entretanto já se encarregou de condicionar a uma expressão quase nula".
"E não se venha com o argumento da guerra [na Ucrânia], como o faz o governo, que serve para justificar tudo. O problema é que justifica pouco sobre a especulação desenfreada dos grupos económicos e das multinacionais a que assistimos hoje. Aproveitam-se da guerra e das sanções, como se aproveitaram da epidemia", acusou.
Para o PCP, "num momento em que a inflação torna cada vez mais difícil a vida do povo, é cada vez mais evidente a necessidade de medidas de controlo e fixação dos preços para travar o aumento do custo de vida, bem como de aumentos de salários e pensões que permitam garantir melhores condições de vida e uma distribuição mais justa da riqueza nacional".
Os comunistas vincaram o seu "compromisso com os trabalhadores e o povo", prometendo um "combate ao fatalismo e à desesperança por um país melhor e mais justo".
[Notícia atualizada às 17h34]
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