Esta linha de intervenção foi seguida por Eurico Brilhante Dias na sessão de encerramento do debate parlamentar na generalidade da proposta de Orçamento para 2023, durante a qual procurou colocar em contraste os governos do PSD e os do PS.
Segundo o líder da bancada socialista, "o Governo apresenta uma proposta de orçamento que radica numa mensagem clara aos portugueses: Apesar da incerteza, o Governo, com esta maioria parlamentar, em diálogo com a sociedade portuguesa, está preparado para proteger o rendimento dos portugueses".
Neste contexto, sustentou que, apesar da guerra e da pandemia da covid-19, o país está a "fazer um caminho de valorização dos salários, de reforço da competitividade da economia portuguesa e da criação de postos de trabalho que respondam às expectativas dos portugueses, especialmente as dos mais jovens".
Já o populismo, de acordo com o presidente do Grupo Parlamentar do PS, baseia-se "no que há de pior na política, na divisão e no confronto de uns contra os outros, na fragmentação que retira força à comunidade e lhe retira a capacidade de responder coletivamente aos desafios mais exigentes".
"Quando um Governo escolhe um conjunto de portugueses como bodes expiatórios justificativos de opções políticas, como aconteceu com o Governo de direita do PPD/PSD e do CDS/PP, que apontou o dedo aos pensionistas e aos funcionários públicos para justificar cortes em pensões e salários, aumentar impostos, mesmo quando propunha reduzir o IRC e transferir rendimento dos trabalhadores para os empregadores com a famosa operação da TSU (Taxa Social Única), cresce um sentimento de injustiça social e um deslaçamento social que atira uma parte da comunidade para a emigração e a outra para uma frustração que faz com que emirjam discursos radicais, de confrontação, que colocam em causa a estabilidade do sistema político como, infelizmente, é hoje bem patente na extrema-direita deste hemiciclo", apontou.
Eurico Brilhante Dias afirmou ainda que, quando o atual presidente do PSD, Luís Montenegro, desempenhou as funções de líder parlamentar dos sociais-democratas, "a direita fez do parlamento um certificador das políticas de austeridade, sempre com contas erradas, num resultado esperado de políticas pró-cíclicas, recessivas, que criaram nos portugueses um sentimento de insegurança, instabilidade e medo".
"Insegurança que foi usada para explorar o que há de pior: Encontrar culpados, apontar o estrangeiro como solução, desmoralizar e conformar, retirando a energia que é necessária para fazer melhor", defendeu.
Por isso, segundo presidente da bancada do PS, "qualquer comparação entre os Governos do PS e os da direita não resiste ao confronto com a história".
"Não resiste a qualquer apelo à memória coletiva de um povo que se bateu contra a injustiça social, num momento, esse sim, em que os seus rendimentos eram violentamente cortados. Temos memória e os portugueses também", acrescentou.
Eurico Brilhante Dias respondeu também à anterior intervenção do líder da bancada social-democrata.
"Só assim se percebe que Passos Coelho, sob aplauso das bancadas à direita, tenha dito em 2014, durante um debate quinzenal, que o país tinha de empobrecer. Disse Pedro Passos Coelho que não podemos regressar ao nível salarial de 2011 nem ao nível das pensões de 2011. Aí estão os cortes de que fala Joaquim Miranda Sarmento", apontou.
O presidente do Grupo Parlamentar do PS visou também o Bloco de Esquerda.
"Para o Bloco de Esquerda, o Orçamento é sempre de direita desde 2020. Mas os eleitores percebem bem o que seria um Orçamento de direita e, por isso, deram maioria absoluta ao PS.
"Os falcões do BCE (Banco Central Europeu), os que querem aumentar as taxas de juro, os que vincularam o PPE - família da qual faz parte o PSD - para aumentar taxas de juro, esses sim são de direita", afirmou.
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