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Revisão constitucional? PSD está a "criar um polo de atenção para nada"

"Apresentar hoje a ideia de uma nova revisão constitucional é espantoso porque estamos a debater o Orçamento do Estado", considerou o antigo dirigente do Bloco de Esquerda.

Revisão constitucional? PSD está a "criar um polo de atenção para nada"

Francisco Louçã considerou, esta sexta-feira, que o facto de o PSD decidir discutir a revisão constitucional é "espantoso" por surgir numa altura em que o país está a discutir o Orçamento do Estado do 2023 e acusou o partido de estar a "tentar criar um polo de atenção para nada".

"Apresentar hoje a ideia de uma nova revisão constitucional é espantoso porque estamos a debater o Orçamento do Estado. Significa, na verdade, tentar criar um polo de atenção para nada, porque não se sabe qual vai ser a proposta do PSD sobre sistema eleitoral, sistema económico, sistema social, sobre nada, num momento em que se está a discutir o Orçamento", considerou o político no seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias.

Louçã descreveu ainda a decisão do PSD como "uma desistência do debate do Orçamento", cujo votação final global está marcada para 25 de novembro.

Em causa está o facto de o PSD ter anunciado que vai reunir o Conselho Nacional na próxima semana com a revisão constitucional na agenda. Segundo fonte do partido, depois da abertura do processo de revisão da Constituição pelo Chega, a direção de Luís Montenegro entendeu que não deveria ser novamente adiada a revisão ordinária da Lei Fundamental.

A informação surgiu depois de o líder do PSD, Luís Montenegro, ter considerado, em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, no início de setembro, que uma revisão constitucional e a alteração das leis eleitorais "não eram prioridades", mas sem afastar a possibilidade de participar no processo.

Louçã abordou ainda a saída de João Cotrim Figueiredo da liderança da Iniciativa Liberal, considerando-a uma "surpresa" porque o líder liberal "conduziu uma campanha vitoriosa" do partido. "Seis meses depois do início desse mandato e a meio do seu mandato de dirigente da Iniciativa Liberal, com razões pouco explícitas, decidiu sair", afirmou.

No panorama internacional, o bloquista comentou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva e frisou que o "governo brasileiro parou por completo" após as manifestações dos apoiantes do presidente derrotado, Jair Bolsonaro. "Quem tomou decisões foi o Supremo Tribunal, incluindo o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE). Quem decide que a polícia deve intervir, é o Supremo Tribunal. Quem decide que tem de haver controlo policial quando favorecem bloqueios rodoviários, é o Supremo Tribunal", afirmou.

Na ótica de Louçã, o facto de o governo – nomeadamente o ministro da Justiça - não ter intervindo nas manifestações e no bloqueio de estradas "é um inconveniente para Bolsonaro". 

"Ele é o presidente. Os protestos podem ser contra Lula, mas ele é que é o presidente que deixe que falte comida nos supermercados, que faz com que muitos dos seus eleitores não possam viajar porque as estradas estão bloqueadas", considerou. "Toda esta sensação de caos, é o caos de Bolsonaro".

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