"O PAN irá pedir a audição do ministro da Administração Interna, a audição da inspetora-geral da Administração Interna (IGAI) e também dos representantes das forças policiais. Achamos que, para o restabelecimento da confiança dos cidadãos nestes órgãos de polícia criminal, é fundamental a informação, a transparência e o escrutínio", declarou Inês de Sousa Real numa mensagem em vídeo enviada às redações.
A deputada única do PAN considerou que, caso as notícias que indicam que elementos da GNR e da PSP partilharam mensagens racistas e xenófobas nas redes sociais, se confirmem, esses atos "não só são de elevada gravidade, como devem ser investigados e levados até às últimas consequências".
"Uma árvore não faz a floresta, sabemos que há homens e mulheres fortemente comprometidos com a sua missão e com a proteção de todas e de todos nós, mas, enquanto este episódio não for cabalmente esclarecido, irá pairar uma onda de suspeição que não é desejável nem saudável", sublinhou.
No que se refere à dimensão política das notícias -- segundo as investigações, mais de 75% dos 591 elementos das forças de segurança investigados pelos jornalistas mostram simpatias com o Chega, havendo alguns filiados no partido --, Inês de Sousa Real pediu a intervenção do Tribunal Constitucional.
"Achamos que isto merece a atenção do Tribunal Constitucional, porque não é aceitável que a nossa Constituição preveja que não podem haver agendas fascistas, racistas, xenófobas do ponto de vista político, e depois termos conhecimentos de factos desta natureza", referiu.
O BE e o PCP também já requereram uma audição urgente do ministro da Administração Interna neste âmbito.
Um consórcio de jornalistas de investigação divulgou uma reportagem de Pedro Coelho, Filipe Teles, Cláudia Marques Santos e Paulo Pena na SIC, no Setenta e Quatro, no Expresso e no Público, que mostra que as redes sociais são usadas para fazer o que a lei e os regulamentos internos proíbem, com base em mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP, nos últimos anos.
Na quarta-feira foi divulgado que a Inspeção-Geral da Administração Interna vai abrir um inquérito à veracidade das notícias que referem a publicação, por agentes das forças de Segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório e que incitam ao ódio.
Numa nota do gabinete do ministro da Administração Interna é dito que José Luís Carneiro determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) "a abertura de inquérito, imediato, para apuramento da veracidade dos indícios contidos nas notícias de hoje [quarta-feira] sobre a alegada publicação, por agentes das forças de segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório, incitadoras de ódio e violência contra determinadas pessoas".
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