PS entrega em janeiro nova proposta sobre modelo de debates com o PM

O PS entregará em janeiro uma alteração à sua proposta de modelo de debates com o primeiro-ministro, para tentar "um equilíbrio" entre o atual formato de pergunta e resposta e o texto inicial dos socialistas, com intervenções contínuas.

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Lusa
21/12/2022 11:30 ‧ 21/12/2022 por Lusa

Política

Debates Quinzenais

No Fórum da TSF, o coordenador do grupo de trabalho das alterações ao Regimento da Assembleia da República, o socialista Pedro Delgado Alves, disse que o PS estaria disponível para "encontrar um meio-termo".

Contactado pela Lusa, o vice-presidente da bancada socialista concretizou que, em janeiro, quando forem coligidas as propostas de alteração e sugestões de todos os grupos parlamentares, o PS formulará essa nova proposta, que não quis ainda detalhar.

"Vamos tentar encontrar uma forma que garanta o contraditório, mas evite o atual pingue-pongue pouco construtivo, um afinamento", referiu, dizendo que o partido "está a estudar hipóteses".

Questionado se tal poderá implicar definir um limite de vezes em que cada partido poderá dividir o seu tempo de perguntas ao primeiro-ministro, Pedro Delgado Alves admitiu que essa é uma possibilidade, para evitar algumas situações recentes "de perguntas de dois segundos" de algumas bancadas.

"Queremos garantir que esse problema não existe, mas não privar o debate de contraditório", disse.

Já quanto à periodicidade dos debates, o PS não deverá mexer na sua proposta, que passa por debates quinzenais com o Governo, alternando entre o primeiro-ministro (que terá de comparecer mensalmente perante os deputados) e um ministro.

"Já estamos a duplicar o quadro atual de debates. É importante ter presente que o parlamento não pode ser apenas um local de debates com o Governo, é uma função importante, mas não a única. Temos de ter debates europeus e vamos também alargar a capacidade de agendamento de iniciativas legislativas pela oposição", disse.

Por outro lado, o deputado do PS salientou que o atual modelo de debates bimestrais com o primeiro-ministro nasceu de uma proposta inicial do PSD -- com outro presidente, Rui Rio, e que foi aprovada com os votos do PS - defendendo que os sociais-democratas não podem agora "rasgar as vestes como se fosse um escândalo duplicar e não quadruplicar os debates".

"É preciso alguma continuidade na responsabilidade", disse.

Este processo de revisão do Regimento tem como ponto central a revisão do modelo de debates parlamentares com o primeiro-ministro, com propostas de todas as bancadas, a maioria para repor as discussões quinzenais que terminaram em 2020 por acordo entre PS e PSD.

À exceção de PS e PCP, todos os restantes partidos, incluindo o PSD (que tem agora como presidente Luís Montenegro), apresentaram propostas de reposição dos debates quinzenais com o primeiro-ministro.

O PS, que dispõe de maioria absoluta no parlamento e pode aprovar sozinho quaisquer alterações, propõe a realização de debates mensais com o primeiro-ministro (alternando, a cada quinze dias, com outro membro do Governo).

Os socialistas querem ainda mudar o atual modelo de pergunta-resposta sem limite de réplicas, estabelecendo na proposta inicial entregue na Assembleia da República -- e que agora deverá ser reformulada - que "no final do tempo de intervenção de cada partido [usado de forma contínua] segue-se, de imediato, a resposta do Governo".

Na versão do Regimento aprovada em 2020 e que está em vigor, os debates com o Governo realizam-se mensalmente e o primeiro-ministro só tem obrigação de comparecer perante os deputados uma vez a cada dois meses, mas com um formato em que cada partido usa o seu tempo livremente, podendo dividi-lo em várias perguntas a que António Costa responde de imediato, permitindo uma ou várias réplicas ao partido interpelante.

A votação das alterações ao Regimento da Assembleia da República, que incluem novas regras para os debates com o primeiro-ministro, deverá decorrer no início de janeiro, depois de vários adiamentos desde o verão.

Leia Também: Revisão do Regimento do parlamento novamente adiada para janeiro

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