"Enquanto para salários e pensões o Governo prevê uma perda de poder de compra ao longo do ano de 2023 e assume esse empobrecimento generalizado da população, para alguns grupos económicos existe sempre uma abertura dos cordões à bolsa", disse à agência Lusa o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, em reação ao anúncio do aumento das portagens para o próximo ano.
Segundo o bloquista, esta solução encontrada pelo Governo "vai cair em cima das pessoas como mais uma forma de perda de poder de compra, através do aumento das portagens".
"Por outro lado, para além do aumento nas portagens há um enorme borla, um prémio às concessionárias de 140 milhões de euros", referiu.
Para Pedro Filipe Soares, "isto demonstra que o Governo, em vez de ser forte para defender os interesses de quem trabalha, de quem está a empobrecer neste contexto, é fraco perante os interesses de grandes grupos económicos e quem está de facto a lucrar".
O dirigente e deputado do BE acusou o Governo de "não respeitar os direitos previstos na lei" para pensionistas e funcionários públicos em matéria de atualização de rendimentos.
"Já no que toca aos super-ricos, que têm apresentado lucros milionários e que beneficiam do empobrecimento generalizado que o país está a ter, retirando até competitividade à economia, o Estado diz-nos que não pode fazer nada e aceita este esbulho. É incompreensível num contexto tão difícil como aquele que estamos a enfrentar", condenou.
As portagens vão aumentar 4,9% a partir de janeiro, anunciou hoje o ministro das Infraestruturas, no final do Conselho de Ministros, considerando "equilibrada" a solução a que foi possível chegar e agora aprovada.
"Era para nós claro que um aumento de 9,5% e 10,5% era insuportável, mas também há contratos e responsabilidades (...) e tentámos encontrar uma solução equilibrada que permitisse um aumento menor", disse o ministro Pedro Nuno Santos.
Assim, a partir de 1 de janeiro, as taxas de portagens terão um aumento que será 4,9% a ser suportado pelos utilizadores. Acima deste valor, precisou o governante, "2,8% serão responsabilidade do Estado e o remanescente, até 9,5% ou 10,5%, será suportado pelas concessionárias".
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