"Houve eleições há nove meses, há uma maioria absoluta, se o Governo está fragilizado e precisa de renovar a sua confiança e a sua legitimidade, deve ser o Governo a apresentar uma moção de confiança. O PSD está sempre preparado para ser alternativa. Estamos muito serenos e preparados", disse Paulo Rangel, em conferência de imprensa, no Porto.
Paulo Rangel não esclareceu como os deputados do PSD irão votar a moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal (IL), mas distanciou-se desta iniciativa e também de pedidos de intervenção do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, como o do CDS-PP, que quer a dissolução do parlamento.
Perante a insistência dos jornalistas, o social-democrata vincou que o PSD tem "uma postura de sentido de Estado" e que "o país não pode andar de eleições em eleições".
"Se o Governo sentir que precisa da confiança da Assembleia da República, deve pedir uma moção de confiança e nós estaremos preparados para dar a nossa resposta no parlamento e no momento certo. O que estamos, como oposição, a fazer é obrigar o Governo a governar. É chama-lo à responsabilidade. Somos pela estabilidade. Se o Governo quiser desistir e se o primeiro-ministro já não tiver energia, nem capacidade, nós estamos prontos", sublinhou.
Aconselhando António Costa a fazer "um enorme exame de consciência", o também eurodeputado disse que o PSD "tem uma responsabilidade histórica que outros não têm".
Paulo Rangel disse que o presidente do PSD, Luís Montenegro, se encontra fora do país por motivos familiares.
Na conferência de imprensa, o vice-presidente social-democrata disse que "o PS dos 'jobs for the boys' voltou com força", acusando Costa de usar o Governo para "lutas partidárias intestinais" que se traduzem no "expediente bizarro e ridículo de anunciar demissões depois da meia-noite".
"Assistimos a truques, habilidades e trapalhadas que causam a obstrução sistemática ao papel fiscalizador da Assembleia da Republica e ao expediente bizarro e ridículo de passar a anunciar as demissões depois da meia-noite. Voltou com ganância e força o PS dos 'jobs for the boys' e dos 'jobs for the girls'", disse Paulo Rangel.
O vice-presidente do PSD considerou que "a coberto de um sentimento de impunidade e de arrogância", António Costa está a liderar um Governo onde "já ninguém governa".
"Já somos todos alvo de uma gestão de redes, de poderes e de interesses. Com estas sucessivas crises, o Governo e o primeiro-ministro não perdem só autoridade política, perdem também autoridade moral. O Governo desfaz-se rapidamente diante dos nossos olhos em guerras de alecrim e manjerona", disse Paulo Rangel.
Antes, no início de uma declaração aos jornalistas, Rangel exigiu a presença de António Costa no parlamento "já na próxima semana para dar explicações ao país", fez críticas quer ao primeiro-ministro, quer a Pedro Nuno Santos, bem como ao ministro das Finanças, Fernando Medina, e recordou casos relacionados com a transportadora aérea TAP, nomeadamente a indemnização de meio milhão de euros paga à ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis.
"Há um padrão de instabilidade na gestão socialista. Não se trata de casos, trata-se de vícios originais que só podem assacar-se à responsabilidade do primeiro-ministro e da sua evidente incapacidade para liderar o seu terceiro Governo", disse Paulo Rangel.
O vice-presidente dos sociais-democratas acusou o Governo de estar "paralisado" por estar a "consumir todas as suas energias em lutas políticas intestinas e na rivalidade entre ministros candidatos a sucessores de António Costa, que se defrontam através de comunicados à imprensa no início das madrugadas".
"Não bastam declarações à imprensa pela calada da noite", voltou a frisar Rangel ao exigir "explicações cabais" a António Costa.
"Consideramos que, 11 meses depois de terem havido eleições, a nossa responsabilidade é obrigar o Governo a assumir as suas responsabilidades", concluiu.
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