"Esperaríamos que fosse o senhor primeiro-ministro, mas, se por razões de agenda não estiver disponível, entendemos que, neste momento, a segunda pessoa que tem de dar mais explicações ao país é o ministro das Finanças, seria um bom substituto do primeiro-ministro neste debate", afirmou Joaquim Miranda Sarmento, em declarações aos jornalistas no final da conferência de líderes parlamentares.
A hipótese foi, no entanto, praticamente afastada pelo presidente do Grupo Parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, que falou em seguida.
"O senhor ministro das Finanças tem prestado declarações sobre este caso e foi muito inquirido. O PSD tem o direito de fazer este agendamento, mas no dia seguinte há moção de censura, penso que é muito pouco oportuno um debate de urgência no dia anterior à discussão da moção de censura. O Governo far-se-á representar, mas naturalmente não se fará representar pelo primeiro-ministro ou por alguns dos protagonistas", disse, salientando que o debate de urgência tem uma grelha curta.
A conferência de líderes parlamentares decidiu hoje que o debate e votação da moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal vai realizar-se na quinta-feira, enquanto o debate de urgência pedido pelo PSD sobre a "Situação política e a crise no Governo" ficou agendado para quarta-feira, tendo o Chega retirado a sua iniciativa sobre a mesma matéria.
Miranda Sarmento justificou a manutenção do debate de urgência por considerar que a moção da IL tem um âmbito mais global e a iniciativa do PSD se centra na recente crise política causada pelas demissões no executivo.
Questionado como votará o PSD a moção de censura da IL, o líder parlamentar social-democrata voltou a remeter o anúncio do sentido de voto para o final do dia de hoje, depois das reuniões da comissão política nacional e do grupo parlamentar, na qual participará o presidente do partido, Luís Montenegro.
Estas iniciativas partidárias foram anunciadas na quinta-feira passada, horas depois de ter sido conhecida a demissão do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, a terceira ocorrida no Governo na última semana de dezembro e a décima saída de um membro do executivo socialista de maioria absoluta.
Pedro Nuno Santos demitiu-se na passada quarta-feira à noite para "assumir a responsabilidade política" do caso da indemnização de 500 mil euros paga pela TAP à ex-secretária de Estado do Tesouro Alexandra Reis.
Em 27 de dezembro, o ministro das Finanças, Fernando Medina, demitiu Alexandra Reis das funções de secretária de Estado do Tesouro, menos de um mês depois de a ter convidado para este lugar no Governo e ao fim de quatro dias de polémica com a indemnização de 500 mil euros que esta gestora de carreira recebera da TAP, empresa então tutelada por Pedro Nuno Santos.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro, António Costa, falou pela primeira vez publicamente sobre as demissões no Governo, pouco depois de anunciar os atuais secretários de Estados João Galamba e Marina Gonçalves para as funções de ministro das Infraestruturas e de ministra da Habitação, respetivamente, e considerou que asseguram continuidade de políticas, transparência de ação e experiência, evitando-se "abrandamento" na execução do programa governativo.
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