António Costa: PSD "passista" deseja um Governo "bem fritinho" até 2024
O primeiro-ministro considerou hoje que a direita tem uma divergência face ao momento ideal para derrubar o Governo, dizendo que o "PSD passista" quer o executivo "bem fritinho" até 2024, enquanto outros querem o derrube já.
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Política AR/Censura
António Costa fez esta leitura política em resposta a uma intervenção do presidente do Grupo Parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, durante o debate parlamentar da moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal.
"A direita, toda ela, o maior sonho que tem é criar uma crise política, mas o que a divide é qual realmente a melhor oportunidade. Há aqueles que, na boa tradição passista, acham que o Diabo vem mesmo agora com a continuação da guerra na Ucrânia e a permanência de inflação", disse.
De acordo com o líder do executivo, os passistas entendem que "desta vez" o Governo socialista "vai mesmo apanhar".
"Por isso, pensam o seguinte: é preciso deixá-los fritar em lume brando, criando-se aqui ou ali grande agitação e barulho. Pensam desta forma: vamos pôr as nossas correias de transmissão a fazer barulho e, depois, lá para 2024, pode ser que eles estejam bem fritinhos para serem derrubados", advogou.
O primeiro-ministro falou então sobre a outra corrente existente na direita política, numa alusão à Iniciativa Liberal e Chega.
"Outros, gato escaldado, consideram que é melhor deitar o Governo já abaixo, porque o Diabo pode não chegar, como já aconteceu no passado. Pensam, mal ou bem, eles, no Governo, estão a aguentar isto -- e o país até cresceu e com os fundos comunitários a executar entra mais dinheiro na economia e na sociedade", afirmou, ainda numa caracterização dessa direita mais radical.
Esta "dupla cada vez mais homogénea, constituída por Chega e Iniciativa Liberal", de acordo com o líder do executivo, conclui assim, em divergência com o PSD, que "é preciso deitar o Governo rapidamente abaixo".
"O PSD diz não e prefere esperar que o Governo seja fritado, porque tem outra ambição: Percebe que é um problema político ter de viabilizar um Governo em coligação com o Chega e com a Iniciativa Liberal que é cada vez mais Chega", apontou.
Mas António Costa, em defesa desta sua tese, avançou ainda com outro argumento.
O objetivo do PSD é, por um lado, ver se o Governo se desgasta e, por outro lado, ver também se a Iniciativa Liberal vai continuar a desfazer-se -- um processo que costuma acontecer em partidos epifenómenos. Naturalmente, parte importante do eleitorado da IL regressa então à casa mãe do PSD", acrescentou.
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