Viveu-se mais um momento de tensão, esta sexta-feira, no Parlamento, tudo depois de o Chega erguer cartazes num protesto que visava a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e que mereceu críticas do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.
O protesto seguiu-se depois de o Parlamento confirmar, em plenário, a decisão da Comissão de Transparência e Estatuto dos Deputados de recusar levantar a imunidade parlamentar à líder do BE. O parecer elaborado pela socialista Isabel Moreira foi aprovado com os votos contra do Chega e a favor de todas as restantes bancadas e deputados.
Após a votação, todos os deputados do Chega se levantaram, empunhando cartazes com a fotografia de Catarina Martins e a palavra "impunidade" por baixo, ao mesmo tempo que batiam nas mesas.
"Considero o gesto a que agora assistimos profundamente ofensivo e inaceitável num parlamento democrático", afirmou, em seguida, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, recebendo um aplauso generalizado das restantes bancadas do hemiciclo. (Pode ver o momento no vídeo abaixo)
Recorde-se que o Chega pretendia que a deputada fosse ouvida e constituída arguida no âmbito de uma queixa apresentada pela sua bancada, acusando a líder do BE de difamação na sequência de declarações proferidas na noite das últimas eleições legislativas, há um ano.
Na altura, Catarina Martins afirmou, referindo-se ao Chega, que "cada deputado racista eleito no parlamento português é um deputado racista a mais".
Nas conclusões do parecer lê-se que estas declarações "foram proferidas no contexto de confronto político-partidário, pelo que o levantamento da imunidade parlamentar teria a virtualidade de limitar o livre exercício do mandato parlamentar da senhora deputada Catarina Martins".
No documento, refere-se também que este caso enquadra-se naqueles em que o levantamento da imunidade não é obrigatório e que a coordenadora do BE se pronunciou pelo não levantamento.
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