O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, afirmou, esta quinta-feira, relativamente à demissão da presidente da Agência Nacional de Inovação [ANI], Joana Mendonça, que "ninguém é insubstituível".
No debate sobre política setorial que se realiza esta tarde, o responsável sublinhou o desempenho da economia portuguesa, nomeadamente o crescimento de 6,7% do Produto Interno Bruto, mas foi também questionado pelo social democrata Jorge Mendes sobre a demissão da presidente daquela agência, uma entidade "essencial" para e execução do PRR, que estará a criar um grande "mau-estar" no Governo.
Em resposta, Costa Silva explicou: "O senhor deputado está completamente engando. Hoje mesmo, o secretário de Estado da Economia, que é dos profissionais mais competentes que temos, passou toda a manhã reunido com a presidência da ANI, que já estava agenda há muito tempo", exemplificou.
Mais especificamente quanto à demissão, Costa Silva foi peremptório: "Tenho muita experiência de gestão. Quando sou confrontando com as pessoas que vão sair são insubstituíveis - não são. Ninguém é insubstituível. A começar pelos lugares do Governo e o serviço público [...]. Vamos melhorar ainda mais a Agência Nacional de Inovação", rematou.
Já o líder do Chega, André Ventura, questionou o governante sobre se achava que o Governo não tinha responsabilidade numa eventual política de suspeição sobre secretários de Estado e ministros - referindo-se ao caso da ex-secretária de Estado do Turismo, Alexandra Reis.
"Volto a enfatizar o que disse: Se queremos construir um país democrático e sociedade em que as pessoas se respeitem umas às outras, não podemos enveredar por uma cultura de suspeição - que significa a mínima notícia num jornal é exponenciada, as pessoas são condenadas, julgadas e as suas carreiras desfeitas. Não estamos na idade média, estamos no séc. XXI, que existe respeito absoluto pelas regras do Estado de Direito", apontou o ministro.
Costa Silva reconheceu, no entanto, que o primeiro-ministro já admitiu que o Governo se "pôs a jeito" e "cometeu" alguns erros, mas que seriam corrigidos, dado que o Executivo já provou que consegue ultrapassar algumas situações. O governante referiu ainda que e o Partido Socialista tinha passado por uma pandemia e outras problemáticas e ainda assim ganhado as legislativas com maioria absoluta, mas Ventura não deixou Costa Silva sem resposta: "Cortava esta mão em como não é o Partido Socialista a ganhar as próximas eleições".
"Se hoje temos estes casos e casinhos, e não se esqueça do que lhe disse - a minha mão está em causa", atirou. "Vai ter mesmo de a cortar", rematou Costa Silva.
Sobre a questão de purgas políticas [expressão utilizada por Ventura], Costa Silva continuou sem deixar de dar resposta ao líder do Chega: "O senhor deputado tem muito mais experiências de purgas políticas do que eu, não se esqueça", avisou.
Sobre as alterações do Governo, que Ventura referiu que o ministro tinha obrigação de justificar, Costa Silva citou Luís Vaz de Camões. "O mundo é feito de mudança, e as mudanças vão melhorar as organizações", atirou.
Ainda durante a sua intervenção inicial, Costa Silva fez deixou alguns apontamentos. "Desde 1987 que o país não atingia uma marca desta dimensão", afirmou na Assembleia da República.
Costa Silva referiu ainda que este é um crescimento que propicia mais oportunidades para os cidadãos. "O número de empregos que aumentou em 2022 foi na ordem dos 210 mil postos de trabalho", lembrou.
O governante referiu ainda que o Executivo já ultrapassou a marca estabelecida para os próximos dois anos. "O Governo, que é muitas vezes acusado de ser otimista, tinha inscrito no seu programa para 2025, atingir os 50% em exportações em termos do produto. Elas foram atingidas no ano de 2022. Um Economia que cresce, consegue exportar e diversificar os seus mercados é absolutamente assinalável. Penso que é o caminho para o futuro", atirou.
Não podemos entrar em deslumbramentos, mas temos de evitar visões catastrofistas"Costa Silva referiu ainda que também o turismo é um "motor" para a economia portuguesa, mas não só, e exemplificou com a indústria do calçado e da metalúrgica. "É por isto que penso que os sinais que temos no início de 2023 são muito positivos para a economia - não só em termos de desempenho, de exportações, da capacidade de diversificar, de penetrar nos mercados internacionais. Também temos resultados que são indicadores muito aceitáveis relativamente à inflação - que foi um dos grandes problemas que tivemos em 2022", notou, apontando a redução da mesma, a partir de dezembro do ano passado. "Temos aqui a redução da inflação, que pode propiciar o quadro da tendência de aumento dos preços", explicou, referindo-se à inflação subjacente.
"Não podemos entrar em deslumbramentos, mas também temos que evitar as visões catastrofistas sobre o desenvolvimento da economia portuguesa", disse, falando logo de seguida sobre o futuro, e exemplificando com a diminuição dos preços da energia. "Temos uma redução de mais de 80% [desde agosto] no preço do gás, e mercados internacionais na energia caminham para a estabilização", garantiu.
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[Notícia atualizada às 16h35]
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