Mariana Mortágua confirmou, esta segunda-feira, que se vai candidatar à liderança do Bloco de Esquerda na Convenção Nacional do partido, que acontece no final de maio.
"Sou candidata à coordenação do Bloco de Esquerda", anunciou, apresentando uma moção que será subscrita por cerca de 1.300 bloquistas.
"A moção que apresento e a moção que represento tem consciência do lugar de onde vimos", acrescentou.
Notando que há um ano o "Partido Socialista celebrava uma maioria absoluta e o Bloco de Esquerda reconhecia uma importante perda eleitoral", a deputada entende que neste tempo há "duas certezas que se vão consolidando".
A primeira de que "a maioria absoluta não cumpre", não havendo no país "diálogo" ou estabilidade, e as "políticas de empobrecimento e desigualdades agravam-se".
"A segunda certeza que se vai consolidando é que as razões do nosso percurso até aqui se confirmam. E hoje, é com essas mesmas razões, que crescemos ao lado da força das mobilizações que se levantam, de quem não se conforma com o empobrecimento e com a mentira", acrescentou.
Mariana Mortágua deixou elogios a Catarina Martins, que "abriu novos caminhos, criou confiança popular, foi a melhor porta-voz em tempos tumultuosos", com quem continua a contar, além de todos aqueles "que sentem que o Governo da maioria absoluta do partido Socialista desistiu e só atira promessas para cima dos problemas".
"A maioria absoluta nunca foi outra coisa que não arrogância, intransigência e instabilidade", criticou, depois de referir que o PS pretendeu o "poder absoluto para deixar o país condenado ao desrespeito pela educação e pela saúde, consumido por quem especula com os preços, corroído pela corrupção e pela facilidade milionária dos favores".
Desta forma, Mariana Mortágua assume que a responsabilidade do Bloco de Esquerda é a de "mostrar que só uma alternativa à esquerda pode criar respostas" à crise, de "apresentar uma alternativa à escolha péssima entre o mau e o pior".
"A escolha não é entre a crise da habitação que o PS mantém e a crise da habitação que a direita promove. A escolha não é entre a precariedade que o PS mantém e que a direita promove. A escolha não é entre a degradação do SNS que o PS tolera e a privatização que a direita promove. Porque isso não é levar o país a sério", afirmou, referindo que "é preciso levar o país a sério".
"Uma alternativa à esquerda que defenda o nosso povo com solidariedade e justiça - essa é a única resposta para os tempos difíceis que vivemos", defendeu.
A bloquista deixou depois um aviso "a quem tem ganhado com a crise": "Não estamos aqui para vos agradar ou dar sossego. O compromisso do Bloco é com quem trabalha, não é com quem se recusa a aumentar salários para fazer crescer os lucros milionários".
Mariana Mortágua destacou que é candidata à coordenação do Bloco porque "quer fazer todas as lutas", as lutas "que enchem e que dão significado à Democracia".
"Com este coletivo de milhares de ativistas trazemos as lutas das nossas vida. A luta pelo trabalho, pela habitação, pelo clima, pela igualdade. A luta pelo direito de todas as pessoas a viverem com respeito em Democracia plena, a luta por todas as pessoa a viverem uma vida boa. É isso que nos traz aqui", frisou.
Interrogada sobre se Catarina Martins vai continuar no Parlamento, Mariana Mortágua disse não poder "responder" pelas decisões da vida da ainda líder do Bloco de Esquerda, mas reiterou que o partido continuar a contar com a também deputada no futuro, "para todas funções".
Confrontada com uma convenção dividida, Mortágua disse que será uma convenção marcada por debate político, o que "é bom", devendo o Bloco congratular-se por "haver democracia interna".
"O Bloco cresce com isso e, por isso, ainda bem que, na próxima convenção, vamos ter varias moções", rematou.
Recorde-se que o anúncio surge depois de, no início do mês, Catarina Martins revelar que sair da liderança do partido - cargo que desempenha desde 2014 - em maio, não se recandidatando na próxima convenção do partido, que se realiza a 27 e 28 de maio.
Mariana Mortágua, que esta no Parlamento desde 2013, foi imediatamente apontada como o nome para assumir a liderança dos bloquistas, com Marisa Matias ou Pedro Filipe a informarem que não iriam entrar na corrida.
Nascida no Alvito, é economista e foi o rosto do Bloco de Esquerda nas comissões parlamentares de inquérito à banca e nas discussões do Orçamento do Estado, entre outros dossiês.
[Notícia atualizada às 11h18]
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