Costa interrogado sobre o SIS acusa IL de ofender serviços de informações

O primeiro-ministro, António Costa, acusou hoje o presidente da Iniciativa Liberal de ofender os profissionais e dirigentes dos serviços de informações, reiterou que agiram corretamente, sem instruções do Governo, e argumentou que nunca aceitariam ordens ilegais.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
24/05/2023 17:31 ‧ 24/05/2023 por Lusa

Política

Costa

António Costa falava durante o debate com o Governo sobre política geral na Assembleia da República, em resposta ao presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, que o interrogou sobre a intervenção do SIS na recuperação de um computador levado pelo ex-adjunto do ministro das infraestruturas, João Galamba.

No fim de uma série de perguntas sobre este tema, quando o presidente da Iniciativa Liberal já não dispunha de tempo para intervir, o primeiro-ministro acusou-o de, para atacar o Governo, ter acabado por fazer um "ataque verdadeiramente ofensivo dos profissionais dos serviços de informações e de quem dirige os serviços de informações".

António Costa deixou um conselho aos deputados em geral e a Rui Rocha em particular: "Cumpram a vossa missão de fiscalizar o Governo, cumpra até a sua função, se quiser, de atacar o Governo, agora não insulte a dignidade dos profissionais dos profissionais dos serviços nem dos dirigentes dos serviços".

"Porque não só ninguém neste Governo deu qualquer ordem, como há uma coisa de que podia estar certo: Se déssemos alguma ordem ilegal eu tenho a certeza de que nem a secretária-geral dos serviços de informações (SIRP), nem o diretor do SIS ou um funcionário do SIS cumpriria uma ordem que fosse ilegal", acrescentou.

Na sua intervenção inicial, Rui Rocha perguntou ao primeiro-ministro se mantinha a confiança em João Galamba, e António Costa respondeu uma vez mais que tem "plena confiança em todos os membros do Governo", ou não estariam em funções.

Depois, o presidente da Iniciativa Liberal fez sucessivas perguntas sobre a intervenção do SIS na noite de 26 de abril, em relação à qual manifestou reservas, pedindo ao primeiro-ministro que indicasse entre os membros do Governo presentes neste debate quais foram informados dessa intervenção -- Rui Rocha apontou como possível método "levantarem a mão".

António Costa remeteu essa matéria para a Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP e também se escusou a responder se o seu secretário de Estado Adjunto, António Mendonça Mendes, sugeriu ou não o recurso ao SIS.

Rui Rocha questionou que o SIS "contacte um cidadão português a meio da noite, que vá ter com ele" e inquiriu o primeiro-ministro sobre os seus contactos com o seu secretário de Estado Adjunto, manifestando a suspeita de que "a história não foi contada com rigor".

O primeiro-ministro reiterou que no seu entender o SIS "agiu corretamente" perante o alerta dado pelo Ministério das Infraestruturas na noite de 26 de abril e que não foram dadas instruções ou orientações aos serviços.

"Tudo o resto são só pormenores para animar uma novela", considerou.

Interrogado sobre a reunião de 17 de janeiro entre a presidente executiva da TAP e elementos do grupo parlamentar do PS, António Costa disse ter visto "muitas vezes" reuniões preparatórias com membros de conselhos de administração de empresas públicas, privadas e associações.

Em defesa dos dirigentes dos serviços de informações, o primeiro-ministro descreveu a embaixadora Graça Mira Gomes, secretária-geral do SIRP, como "uma mulher com uma carreira diplomática impoluta, uma servidora do Estado acima de qualquer suspeita", mencionando que "foi nomeada já por este Governo após devida consulta ao principal partido da oposição e nunca ninguém pôs em causa a sua probidade".

"O diretor do SIED [Carlos Pires] é outro diplomata igualmente impoluto, igualmente escolhido da mesma forma, e a quem ninguém alguma vez pôs em causa a sua competência. O atual diretor do SIS [Neiva da Cruz] já tinha sido nomeado pelo meu antecessor, foi reconduzido por mim, e por mim tem sido reconduzido em funções porque também nunca ninguém pôs em dúvida a sua probidade no exercício das suas funções", referiu.

[Notícia atualizada às 17h52]

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