Avó de Naël "deu uma lição a toda a sociedade francesa"
Poiares Maduro aponta três razões para a morte de um jovem de 17 anos, por parte de um polícia, em França, se ter transformado numa "quase Guerra Civil".
© Global Imagens
Política Poiares Maduro
Miguel Poiares Maduro analisou, este domingo na RTP, os tumultos dos últimos dias em França, depois de um jovem de 17 anos, de origem árabe, ter sido baleado fatalmente por um polícia, na passada terça-feira, em Nanterre.
Para o social democrata há três razões para que os primeiros protestos contra a atuação das autoridades francesas se tenham transformado numa "quase Guerra Civil".
Primeiro, defende Poiares Maduro, em França há "uma fratura social e um grau de polarização extremos".
12 jovens morreram em operações STOP, em França, o ano passado
"Há um lado da sociedade francesa que vê o que se passou como a prova que a polícia e o Estado no seu todo são estruturalmente racistas e discriminatórios e há elementos preocupantes em França a esse respeito. Em França, o ano passado, foram mortos pelas forças policiais 12 jovens em operações STOP - de trânsito e controle de trânsito - o que não têm paralelo noutros estados europeus (na Alemanha, só houve um incidente destes). Portanto, alguma coisa não está bem nas forças policiais francesas", aponta, o antigo ministro, realçado que, "por outro lado, há também a ideia de que isto é apenas um problema de ordem e de repor a autoridade da polícia".
O segundo motivo que leva a tais tumultos, segundo Poiares Maduro, é a "insatisfação muito grande dos jovens", em França e não só, por sentirem "que não têm as mesmas oportunidades" que as anteriores gerações.
Por fim, "a questão da integração das segundas e terceiras gerações de imigrantes" em França também levanta problemas, segundo o antigo ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.
"Os dados demonstram que há uma criminalidade muito maior nessas gerações de imigrantes relativamente a outras faixas da população, mas essa também tende a ser uma população mais pobre e normalmente onde há mais mais pobreza, há mais criminalidade", relembrou.
Avó de Naël fez "as melhores afirmações" dos últimos dias
Antes de terminar a análise ao tema, Poiares Maduro elogiou a avó de Naël que, apesar da dor de perder o neto e de vir "de uma comunidade imigrante", "prestou uma lição a toda a sociedade francesa sobre como este caso deve ser lidado".
"Foram as melhores afirmações que ouvi nos últimos dias e totalmente corretas porque disse o óbvio. Aquela ação da polícia tem de ser punida, parece claramente desproporcional o uso da força e isso é inaceitável, mas as reações que ocorreram depois dela também são inaceitáveis", concluiu.
Leia Também: "Quero que tudo isto acabe". Avó de Naël apela à calma em França
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com