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Retratar? "Claro que não, até posso elaborar mais"

O ministro da Cultura mostrou-se surpreendido com a reação às suas declarações, defendendo que deve existir abertura para reflexões e críticas ao funcionamento da comissão de inquérito.

Retratar? "Claro que não, até posso elaborar mais"

Depois de críticas da Esquerda, da Direita e até de dentro do próprio Partido Socialista, Pedro Adão e Silva não se retratou e até colocou mais pressão sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP, garantindo que leva muito a sério o funcionamento da Assembleia da República e que as críticas que faz procuram ser construtivas.

Em Vila Viçosa, questionado pelos jornalistas sobre as críticas de António Lacerda Sales, presidente da CPI e deputado do PS, que acusou o ministro de "falta de respeito", o ministro da Cultura reiterou a sua opinião sobre o que considera ser uma relação "degradante" entre as instituições democráticas e o ciclo noticioso.

"Acho que há uma reflexão a fazer e percebo que nem todos os deputados têm esse mesmo espírito critico em relação a estes trabalhos e na forma como eles se transformam e traduzem num longo comentário televisivo, como se se tratasse de um 'reality show'. Eu penso que isto que eu disse é acompanhado por muitos portugueses", afirmou o ministro, que garante que nunca pretendeu ofender a Assembleia da República e defendendo que "não está escrito em nenhum lado que os ministros devem suspender o seu espírito crítico em relação àquilo que é funcionamento do Parlamento".

Numa entrevista ao Jornal de Notícias e TSF, publicada no domingo, o ministro criticou duramente a forma como a CPI à TAP foi conduzida, prolongando-se pela noite dentro e com deputados a serem "uma espécie de procuradores do cinema americano de série B da década de 80". Em resposta, António Lacerda Sales pediu que o ministro retratasse o comentário, considerando o momento "menos feliz" e defendendo o "esforço" dos deputados.

Quando questionado sobre se iria retratar, Pedro Adão e Silva respondeu: "Claro que não, até posso elaborar mais".

"Eu levo muito a sério o funcionamento das instituições democráticas e acho que há uma reflexão a fazer, que é partilhada por muitos portugueses sobre alguns momentos e comportamentos na CPI. Acho um pouco surpreendente que ninguém se inquiete com apreensões de telemóveis na CPI ou com perguntas sobre com quem que se está a trocar mensagens de SMS, com inquirições noite dentro. Acho que nada disto contribui para o bom funcionamento das instituições democráticas", reafirmou.

O ministro ainda atirou uma farpa a quem lhe fez críticas, seja fora ou dentro do Governo, porque "da mesma forma que os membros do governo têm de estar totalmente disponíveis para serem criticados a todos os momentos, não vejo porque motivo não possam criticar e fazer uma reflexão política sobre o funcionamento de outros órgãos".

Adão e Silva garantiu que tem "um espírito bastante democrático" e pede, como tal, que os restantes deputados aceitem as reflexões e a preocupação com a qual encaro alguma degradação da vida pública e politica, nesta relação entre o funcionamento as instituições democráticas e o ciclo noticioso e comunicacional".

"Não vejo que mal ao mundo possa vir daí", disse, perguntando "porque é que fazer observações críticas passou a ser uma falta de respeito?".

[Notícia atualizada às 10h58]

Leia Também: CPI à TAP. Lacerda Sales acusa ministro da Cultura de "falta de respeito"

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