Catarina Martins diz que "Parlamento pode ser criticado" (mas faz reparo)
A ex-líder bloquista disse também achar, à semelhança do ministro Pedro Adão e Silva, que "existiram momentos e temas que não tinham de estar na comissão de inquérito" à TAP, como os episódios de abril passado no Ministério das Infraestruturas.
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Política CPI à TAP
A ex-dirigente do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, teceu esta segunda-feira algumas considerações acerca das polémicas declarações do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva. No 'Linhas Vermelhas', da SIC Notícias, vaticinou que o Parlamento "pode e deve" ser criticado, embora tenha deixado uma alerta.
No que toca a este tema, a bloquista elucidou: "Há escolhas que se fazem. E a escolha de atacar as conclusões de uma comissão de inquérito [CPI à TAP], e os deputados de uma comissão de inquérito, é uma escolha de um certo populismo antiparlamentar que pode ficar bem, que pode colher nalguns setores e que, sobretudo, pode desviar atenções para o que devíamos estar a discutir, que era o relatório da CPI".
Apesar deste reparo às recentes posições do governante, Catarina Martins disse também achar, ainda assim, que "existiram momentos e temas que não tinham de estar na comissão de inquérito" à TAP. É o caso, nomeadamente, dos "episódios lamentáveis no Ministério das Infraestruturas, que era muito mais um caso de polícia do que outra coisa qualquer".
Este caso leva a ex-líder bloquista a uma "questão sobre Pedro Adão e Silva", que é: "Porque é que ele diz isso sobre os deputados da comissão parlamentar de inquérito e nunca o disse sobre João Galamba, quando fez aquela lamentável conferência de imprensa a descrever longamente factos que interessavam muito pouco para tentar justificar e esconder os que interessavam de responsabilidade política, ou quando António Costa decidiu fazer uma conferência de imprensa, em frente à residência oficial, para não responder a nenhuma das questões políticas que se colocavam".
E concluiu: "Se Pedro Adão e Silva tivesse falado nessa altura, se calhar agora podiam levá-lo a sério. Assim, é uma pena".
Importa lembrar que as declarações recentes do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, em entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, têm sido amplamente questionadas, tanto por parte de elementos dos partidos da oposição, como do próprio Partido Socialista.
No contexto da entrevista citada, divulgada no fim de semana, o governante responsável pela pasta da Cultura considerou que, na referida Comissão Parlamentar de Inquérito, existiram deputados que agiram como "procuradores do cinema americano da série B da década de 80".
As críticas, no entanto, não se ficaram por aqui. Pedro Adão e Silva disse ainda que o país tem assistido a uma "degradação do ambiente político" que não é "independente de coisas como aquelas que se passaram" nas várias audições, tendo alertado para "comportamentos e lógicas de funcionamento" dessas comissões que julgou serem "degradantes da função política".
Na sequência destas declarações, a reação do presidente da comissão de inquérito à TAP, António Lacerda Sales, não tardou. Nas palavras do socialista, tratou-se de uma "falta de respeito" e, além disso, de uma "caracterização muito injusta" do trabalho dos parlamentares.
Lacerda Sales alertou ainda que "nenhum político está isento de respeitar as instituições, por maioria de razão o Parlamento, especialmente os ministros" - tendo ainda pedido a Adão e Silva que tivesse em conta o "esforço de muitas horas e de muitos dias" dos deputados durante as referidas audições e que se retratasse.
O 'conselho' não foi, no entanto, seguido pelo ministro da Cultura. Quando questionado pelos jornalistas, em Vila Viçosa, sobre iria retratar-se, Pedro Adão e Silva respondeu: "Claro que não, até posso elaborar mais".
E assim fez: "Eu levo muito a sério o funcionamento das instituições democráticas e acho que há uma reflexão a fazer, que é partilhada por muitos portugueses, sobre alguns momentos e comportamentos na CPI. Acho um pouco surpreendente que ninguém se inquiete com apreensões de telemóveis na CPI ou com perguntas sobre com quem que se está a trocar mensagens de SMS, com inquirições pela noite dentro. Acho que nada disto contribui para o bom funcionamento das instituições democráticas".
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