Numa pergunta dirigida à ministra do Trabalho e Segurança Social através do parlamento, os deputados do PCP Manuel Loff e Alma Rivera referem-se a uma notícia da agência Lusa, hoje divulgada, que, citando a presidente da Confederação Nacional da Associações de Pais (Confap), indica que algumas famílias estão a recorrer ao teletrabalho para poderem ficar com as crianças em casa devido à falta de vagas nas creches.
O PCP considera que "o teletrabalho e a prestação de cuidados aos filhos não é compatível e não pode acontecer" e defende que a criação de uma "rede pública de creches é a melhor forma de garantir a universalização da gratuitidade e do alargamento das vagas necessárias" para a população.
"Isso representa o cumprimento de uma função social do Estado cuja gestão e funcionamento deve chamar a si, permitindo criar as condições e alterar os critérios de admissão e colocação das crianças nos equipamentos de apoio à infância em verdadeira articulação com as necessidades das famílias", lê-se no requerimento.
O PCP pergunta assim a Ana Mendes Godinho se o Governo tem conhecimento da situação noticiada e quais são as medidas que vão ser tomadas "para garantir as vagas necessárias" e "afastar o recurso ao teletrabalho por parte dos pais".
Em declarações à agência Lusa, a presidente da Confap, Mariana Carvalho, afirmou que "muitas famílias não conseguiram colocação para os seus filhos" nas creches.
"Sabemos que alguns pais pediram para ficar em teletrabalho precisamente porque não conseguiram vaga em creches", explicou a presidente da Confap.
Na sequência da medida da gratuitidade das creches do setor social e solidário, em vigor desde o ano passado, a escassez de vagas tem sido um dos principais obstáculos das famílias, tendo até levado o Governo a antecipar a ativação da oferta suplementar da rede lucrativa de creches, porque em julho já não existiam vagas em alguns concelhos.
De acordo com Mariana Carvalho, o trabalho à distância, que se generalizou durante a pandemia da covid-19, é agora uma alternativa para os pais que também não conseguem ter o apoio de outros familiares, como avós.
Além das creches, Mariana Carvalho relatou que este ano há também uma maior procura no pré-escolar, à qual a oferta não consegue dar resposta e, uma vez que este nível de ensino não se enquadra ainda na escolaridade obrigatória, algumas crianças acabam por ficar sem colocação.
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