"Se o MP não fizer nada, depois de hoje, a democracia está comprometida"

Segundo André Ventura, "havia um limite", limite esse que, na sua ótica, "era a condenação de um ato de pura e simples violência".

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Daniela Filipe
03/10/2023 17:39 ‧ 03/10/2023 por Daniela Filipe

Política

CHEGA

O presidente do partido Chega, André Ventura, teceu duras críticas às declarações proferidas, esta terça-feira, pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que não condenou as alegadas agressões sofridas por deputados daquele grupo parlamentar no sábado, durante uma manifestação pelo direito à habitação, em Lisboa. Ao invés, Santos Silva considerou que houve uma "provocação" por parte dos membros do Chega, cujo líder atirou que, caso o Ministério Público (MP) não atue criminalmente, "a democracia está claramente comprometida".

"Naquele dia, os deputados do Chega não só foram ameaçados de morte, como foram agredidos e tiveram bens violentados. Penso que o Ministério Público, sendo deputados em funções que estavam ali na condição de deputados, tem o dever de agir criminalmente, como fez em tantos outros momentos. Estamos a reunir os depoimentos de todos", adiantou Ventura, em declarações aos jornalistas, depois de o seu grupo parlamentar ter abandonado o Parlamento.

E continuou: "Se o Ministério Público não fizer nada, depois do que ouvimos hoje de Santos Silva, a democracia está claramente comprometida."

Segundo o responsável, "havia um limite", limite esse que, na sua ótica, "era a condenação de um ato de pura e simples violência".

"Tal como disse hoje a Augusto Santos Silva, tivemos deputados com mais de 70 anos agredidos. Outros que não têm 70 anos, mas são homens e mulheres representantes do povo português, que foram esmurrados, agredidos, pontapeados. Entendemos que, com um presidente da Assembleia da República que sabemos que não gosta de nós, e é legítimo, – também não gostamos muito dele –, há mínimos em democracia. Esse mínimo era dizer, independentemente disto, que era condenável. Passaram dois dias, era possível de ser feito", detalhou.

O líder do partido de extrema-direita foi mais longe, tendo confessado que, a dado momento, pensou que essa condenação por parte do presidente da Assembleia da República chegaria, o que não se verificou. Ao invés, Santos Silva indicou que a presença dos deputados no evento não passou de uma "provocação".

"O que ouvi foi Santos Silva dizer que foi uma provocação. Uma manifestação para a qual fomos convidados. É o mesmo que dizer que uma mulher é violada se usar uma minissaia. Esta imagem não é bonita, mas foi o que me passou pela cabeça naquela altura. Quando disse ‘não é o meu presidente’ é porque, de facto, parece que, para Augusto Santos Silva, se um deputado do Chega por baleado, pontapeado, esmurrado, é a democracia a funcionar", lançou.

E prosseguiu: "Até houve um momento em que deu a ideia de que daria uma condenação, pelo menos suave, dos acontecimentos, mas para e diz que [fomos] para lá provocar e criar problemas. Deputados do Chega são esmurrados e é um incidente artificial?"

André Ventura reiterou ainda que a plataforma Casa para Viver, organizadora da manifestação, convidou o grupo parlamentar a marcar presença, tendo garantido ter visto "esse e-mail".

Contudo, e de acordo com a agência Lusa, o movimento rejeitou ter endereçado qualquer convite ao grupo parlamentar de extrema-direita, ao mesmo tempo que considerou que as "declarações do líder do Chega no Parlamento são a continuidade da provocação montada durante a manifestação".

Sublinhe-se que a presença de deputados do Chega no evento de sábado gerou contestação entre os manifestantes, tendo a Polícia de Segurança Pública (PSP) sido obrigada a criar um cordão de segurança ao redor de Rui Paulo Sousa e Filipe Melo.

Leia Também: "Não é meu presidente". Grupo parlamentar do Chega abandona Parlamento

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