Montenegro acusa PS de trazer "um pântano à democracia portuguesa"

O presidente do PSD acusou hoje o PS de ceder a "esquemas de compadrio político" e, pela terceira vez em 22 anos, trazer "um pântano à democracia portuguesa", numa reação à demissão do primeiro-ministro.

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Lusa
07/11/2023 21:13 ‧ 07/11/2023 por Lusa

Política

PSD

Luís Montenegro falava aos jornalistas na sede nacional do PSD, no final de uma reunião da Comissão Permanente, convocada ainda antes do anúncio da demissão do primeiro-ministro - aceite pelo Presidente da República -, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.

Questionado pelos jornalistas sobre a atuação da justiça neste caso, respondeu: "A justiça está a funcionar, mas a questão que estou a focar é uma questão política, há um primeiro-ministro que se demitiu e um Governo que caiu, que tinham condições para governar e fracassaram por pura incompetência".

Antes, na sua intervenção inicial, Montenegro considerou que "a legitimidade do PS ruiu dentro de si próprio".

"É a terceira vez em 22 anos que as mesmas pessoas, as mesmas políticas e o mesmo padrão de governo trazem um pântano à democracia portuguesa", acusou.

Depois de ter defendido eleições antecipadas, o presidente do PSD apelou aos portugueses para penalizarem "a reincidência de uma organização partidária que dá mostras de muito facilmente ceder a esquemas de compadrio político, de vertigens hegemónicas de poder".

"Os portugueses sabem que há uma alternativa séria e ambiciosa e conhecem o nosso sentido de responsabilidade, a nossa firmeza e o nosso compromisso com a verdade, a ética e a urbanidade", afirmou.

Montenegro defendeu que "Portugal não pode tolerar ou admitir que importantes decisões de investimento ou financiamento público possam ser tomadas com qualquer outro critério que não exclusivamente o interesse público".

"Seja na transição energética ou ambiental, seja no parque escolar, seja em parcerias público-privadas, seja na defesa nacional, seja nas grandes infraestruturas, o país não pode ser levado a decidir com base em interesses particulares, muitas vezes embrulhados e disfarçados com sofisticados esquemas de suporte técnico", afirmou.

O presidente do PSD defendeu que "a manipulação, como a mentira, têm sempre prazo de validade" e têm como consequência "a formação de uma legião de pobres e remediados, dependentes e frustrados numa espécie de corrupção social e política".

O primeiro-ministro, António Costa, pediu hoje a sua demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.

O Presidente convocou para quarta-feira os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.

Numa declaração no Palácio de São Bento, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário".

Leia Também: Montenegro diz que foi com PS que "mais floresceram" negócios privados

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