Saúde? PCP diz que Governo ainda tem responsabilidades e critica Pizarro
O secretário-geral do PCP defendeu hoje que, apesar da demissão do primeiro-ministro, o Governo ainda tem responsabilidades e criticou o ministro da Saúde por desconvocar as negociações com os sindicatos dos médicos, considerando que revelou a "verdadeira face".
© Getty
Política Paulo Raimundo
Num discurso numa tribuna pública à frente do centro de saúde de Loures, Paulo Raimundo salientou que se está a viver "um momento polvoroso do ponto de vista nacional" e que a demissão do primeiro-ministro na terça-feira é "grave e um problema objetivo", mas destacou que "os maiores problemas que o país enfrenta estão muito para lá da crise política".
"O maior problema que o país enfrenta é exatamente a política que está em curso e que levou à situação em que estamos hoje, nomeadamente aqui nas questões da saúde. Este é que é o maior problema, que é preciso enfrentar de frente e resolver de uma vez por todas", sustentou.
Para o líder do PCP, "enquanto se discute a alta política nestes dias, a verdade é que todas e cada umas das dificuldades" que se vivem no Serviço Nacional de Saúde (SNS), designadamente "falta de médicos, de enfermeiros, de tratamento, de cuidados", persistem.
"E a verdade é que estamos perante um Governo demissionário, mas, enquanto lá está, tem as responsabilidades que tem de assumir e podemos dizer que o grande sinal negativo destas últimas horas foi a decisão do ministro da Saúde" de desconvocar as negociações com os sindicatos dos médicos, disse.
Paulo Raimundo sustentou que, ao desconvocar essas negociações perante "a gravidade dos problemas do SNS", Manuel Pizarro revelou a sua "verdadeira face".
"Ele estava apostado em enrolar, enrolar, enrolar para nada resolver e teve aqui um pretexto para manter esse enrolanço e para nada resolver", defendeu.
O líder do PCP voltou a reiterar que "há dinheiro e condições" para investir no SNS e considerou que o atual Governo iniciou a "opção errada" de "desmantelar o SNS", transferindo "para o negócio da doença a parte de leão da prestação de serviços e do dinheiro disponível".
Salientando assim que se está "à porta de eleições antecipadas", Paulo Raimundo defendeu que é preciso "salvar o SNS do negócio da doença" e considerou que "só há uma possibilidade" para o conseguir fazer: "reforçando, do ponto de vista eleitoral, o PCP e a CDU".
"A evidência está aí: quando o PCP e a CDU avançam, a vida de cada um avança. Quando o PCP e a CDU avançam, o SNS funciona melhor", sustentou.
Recuando ao chumbo do Orçamento do Estado para 2022 - que contou com o voto contra do PCP e provocou a dissolução da Assembleia da República e sucessiva convocação de eleições -, o líder do PCP defendeu que este é o momento para recordar que, nessa ocasião, o PS recusou propostas que "reforçavam o SNS".
"Nós temos a certeza que, se as propostas que avançámos tivessem sido concretizadas, (...) tínhamos evitado perder dois anos do ponto de vista das medidas que era necessário tomar. A responsabilidade pela situação a que chegámos é da exclusiva responsabilidade do PS", defendeu.
Paulo Raimundo apelou a que "não se baixe a guarda", salientando que o momento em que se está "à porta de eleições não é o momento para ficar à espera, mas para exigir com força, para condicionar os que lá estão e para condicionar de forma decisiva os que virão a estar".
"Não é o momento de ficar à espera de nada, porque a vida de cada um não fica à espera de nada, a doença que cada um tem não fica à espera daqui a dois meses. (...) Ainda mais é o momento de continuar a exigir e a reivindicar", afirmou.
Na quarta-feira, fonte sindical disse à Lusa que a reunião entre o Ministério da Saúde e os sindicatos médicos, prevista para esse dia, tinha sido cancelada.
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