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O tempo da Justiça, o legado de Costa e a nova gerigonça. O que disse PNS

Pedro Nuno Santos defendeu, em entrevista, que a Justiça "tem um tempo", numa referência à investigação que visa António Costa, que considera ter deixado um "legado muito importante para o país". Numa altura em que está na corrida ao cargo de secretário-geral do PS, tendo como adversários José Luís Carneiro e Daniel Adrião, o ex-ministro não fecha portas a uma nova geringonça e considera que o Chega "não é um problema do Partido Socialista".

O tempo da Justiça, o legado de Costa e a nova gerigonça. O que disse PNS
Notícias ao Minuto

21:17 - 21/11/23 por Carmen Guilherme

Política PNS

Pedro Nuno Santos, candidato à liderança do Partido Socialista (PS), defendeu, esta terça-feira, que "é muito importante" que a Justiça esclareça "o mais depressa possível"´ a investigação ao agora primeiro-ministro demissionário, António Costa, no âmbito da 'Operação Influencer'.

"A justiça tem um tempo. Eu estou tão preocupado como os portugueses, nomeadamente no que diz respeito à confiança nas instituições, e é muito importante, obviamente, que seja esclarecido o mais depressa possível. A Justiça tem o seu tempo, mas é importante que os portugueses saibam", declarou o antigo ministro das Infraestruturas, em entrevista à TVI, depois de defender que há dois princípios do Estado de Direito que quer "respeitar", a "presunção de inocência e a independência do sistema judicial", e recusando responder se a procuradora-geral da República, Lucília Gago, deve explicações.

"Não sou eu que vou impor prazos", atirou.

Pedro Nuno Santos lembrou as mais recentes palavras dirigidas por António Costa aos socialistas enquanto secretário-geral do PS, tendo pedido para "que se focassem no país e na Política e não na Justiça", e sublinhou que essas declarações devem ser respeitadas e fazem "sentido".

Interrogado sobre o dia em que foram espoletadas as buscas que culminaram na atual crise política, o socialista admite que recebeu a notícia "com preocupação". "Teve um impacto muito significativo na nossa Democracia, é verdade, num Governo, apoiado por uma maioria absoluta, o Governo do Partido Socialista", notou.

E continuo com o mesmo nível de preocupação. Agora, acho, sinceramente, que devemos respeitar o tempo da Justiça e que devemos respeitar também, já agora, a presunção de inocência de todos os envolvidos", reforçou.

Interrogado sobre as razões que podem levar os portugueses a acreditar que o PS tem algo a oferecer ao país, o ex-governante frisou que a interrupção da legislatura não se deve à "situação económica e social, ao descontentamento generalizado da população portuguesa".

"O legado que António Costa deixa é um legado muito importante para o país e para os portugueses"

Apesar de admitir que há "muitos problemas por resolver", Pedro Nuno Santos entende que não se pode "ignorar que foram anos em que se criaram mais de 600 mil postos de trabalho, onde a economia portuguesa cresceu sempre acima da média europeia, onde, ao mesmo tempo que isto acontecia, se foi baixando a dívida pública de forma continuada e sustentada".

"O legado que António Costa deixa é um legado muito importante para o país e para os portugueses", apontou.

Confrontado com as polémicas que levaram à saída de inúmeros governantes no último Executivo, o candidato à liderança do PS disse não ter "a menor dúvida" de que se deve aprender "com os 50 anos da Democracia"

"Cada acontecimento deve servir de lição para o futuro. Temos vindo, ao longo do tempo, a aperfeiçoar o nosso escrutínio sobre quem governa. E isso deve continuar. E as escolhas que se fazem são, de facto, muito importantes", notou.  "Isso não se sobrepõe às marcas positivas daquilo que foi o legado de António Costa", apontou.

Nova geringonça? "Nós não fechamos portas"

Sobre as eleições que se avizinham, em março, Pedro Nuno Santos admite que é "possível" que não exista uma maioria absoluta e acaba por confessar que não fecha portas a uma nova geringonça.

"O Partido Socialista está e eu quero que o Partido Socialista esteja focado em ganhar as eleições e ter o melhor resultado possível. Nós temos de ter um programa, apresentá-lo ao país, e conseguir convencer o país de que nós somos o partido e a candidatura certa não só para proteger aquilo que nós fomos conseguindo nos últimos anos, mas para aprofundar", afirmou.

"O Partido Socialista vai-se apresentar a eleições com a pretensão, o objetivo de mobilizar o povo português para uma vitória. E, depois, a partir daí, procuraremos as soluções que permitem implementar o programa do PS", acrescentou.

Lembrando a geringonça com o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista Português (PCP), que descreveu como "um sucesso", atirou: "Nós não fechamos portas. E eu critico quando se aparenta querer fechar portas".

"O que nós conseguimos em 2015 foi alargar o espaço da autonomia estratégica do Partido Socialista. Não podemos fechar essa porta. Não podemos voltar a 2014, voltando, outra vez, a restringir o espaço de autonomia do PS. Isso é que seria dramático para o Partido Socialista e para as possibilidades de governabilidade do Partido Socialista", reforçou.

"O Chega não é um problema do Partido Socialista"

Confrontado com um cenário em que o PS não consegue garantir uma maioria parlamentar com os partidos de Esquerda e no qual o Partido Social Democrata (PSD) não faz nenhum tipo de acordo com o Chega, como Luís Montenegro tem assegurado, e interrogado sobre se admite deixar o PSD governar em minoria, Pedro Nuno Santos não respondeu e reiterou que o PS só trabalha "com um cenário de vitória".

"São muitos 'ses'. O cenário em que nós trabalhamos é um cenário de vitória do Partido Socialista e é sobre cenário que trabalharemos até 10 de março", afirmou.

E acrescentou: "O Chega não é um problema do Partido Socialista. E o PSD, nós temos ouvido várias declarações do líder do PSD sobre essa matéria, mas aquilo que sabemos para além dessas palavras, é de um acordo que o PSD fez nos Açores com vários partidos, entre os quais o Chega (...) Eu nunca vi o líder do PSD a fazer uma crítica a essa solução governativa. Não é credível".

"O ponto é: se se quer derrotar o Chega, o voto é no PS", contrapôs.

"No dia a seguir às diretas, eu e José Luís Carneiro estaremos juntos seja qual for o resultado final"

Já numa segunda parte da entrevista, à CNN Portugal, e focada na liderança interna do PS, Pedro Nuno Santos admitiu que já falou com António Costa depois de ter anunciado a sua candidatura, não revelando quem tomou a iniciativa.

"A relação é ótima entre mim e o primeiro-ministro, ao contrário do que muita gente pensa. Trabalhámos juntos durante sete anos, devo-lhe a ele essa oportunidade", frisou.

Confrontado com o abraço que Costa deu a José Luís Carneiro, que também está na corrida à liderança do PS, Pedro Nuno Santos desvalorizou. "José Luís Carneiro é ministro deste Governo, é natural que tenha uma boa relação com o primeiro-ministro, mas eu também tenho", notou.

Questionado sobre se ficou surpreendido com a força que tem a candidatura de José Luís Carneiro, Pedro Nuno Santos notou que "é normal" que este reúna apoios, deixando elogios ao atual ministro da Administração Interna. "Não sei se tem muita força se tem pouca força. Tem apoios de militantes do Partido Socialista e era só o que faltava que não tivesse. José Luís Carneiro é um militante do Partido Socialista muito válido, um grande ministro, tenho muita consideração por ele e sei que os militantes do PS também têm. Portanto, é normal que ele tenha apoios".

No entanto, o socialista rejeita que esteja em curso uma luta interna muito "acesa". "Qualquer ato eleitoral, também dentro do PS, é decidido no momento em que se vota. E os militantes são donos do seu voto. Nada está decidido", disse, admitindo que "que todos os cenários são possíveis", incluindo a derrota interna.

"No dia a seguir às diretas, eu e José Luís Carneiro estaremos juntos seja qual for o resultado final", completou, defendendo que não tem "a menor dúvida de que o PS estará unido".

[Notícia atualizada às 22h34]

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