Pedro Nuno, o novo líder que fez o seu caminho pela ala esquerda do PS

Pedro Nuno Santos, hoje eleito secretário-geral do PS, foi ministro e secretário de Estado, fez o seu caminho pela ala esquerda do partido e desde 2018 posicionou-se para suceder a António Costa na liderança dos socialistas.

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Lusa
16/12/2023 23:52 ‧ 16/12/2023 por Lusa

Política

Eleições no PS

Natural de São João da Madeira, distrito de Aveiro, Pedro Nuno Santos, 46 anos, neto de sapateiro e filho de empresário, é licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e iniciou a sua atividade política na JS aos 14 anos, organização de juventude que liderou entre 2004 e 2008.

Como líder da JS, esteve na primeira linha em defesa da despenalização da interrupção voluntária da gravidez e depois da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Um passo considerado à época fraturante, que começou por oferecer resistência dentro do PS, então liderado por José Sócrates, com maioria absoluta no parlamento, mas que acabou por ser concretizado em 2010.

No PS, após a saída de José Sócrates em 2011, apoiou António José Seguro para a liderança dos socialistas, contra Francisco Assis, mas o seu alinhamento com o "segurismo" durou poucos meses. Com Portugal sujeito a assistência financeira externa, demitiu-se de vice-presidente da bancada socialista, semanas depois de ter feito declarações inflamadas, num jantar de Natal partidário, em Castelo de Paiva, a admitir o não pagamento da dívida pública -- ação que, na sua perspetiva, iria pôr "as pernas dos banqueiros alemães a tremer".

A seguir, fez parte do chamado "grupo dos jovens turcos", com João Galamba e com os seus sucessores na liderança da JS, Duarte Cordeiro e Pedro Delgado Alves, que defendiam a renegociação da dívida de Portugal perante a "troika", contrariando a linha de António José Seguro e, mais tarde, a partir de 2014, também de António Costa.  

Pedro Nuno Santos apoiou António Costa contra António José Seguro nas eleições primárias do PS em setembro de 2014 e, após as eleições legislativas de outubro de 2015, foi um dos principais dirigentes socialistas envolvidos nas negociações com o Bloco de Esquerda, PCP e PEV para a formação da "Geringonça".

No primeiro dos dois governos minoritários de António Costa, foi secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, tendo negociado, entre outros processos, a viabilização de quatro orçamentos do Estado Em fevereiro de 2019, no final dessa legislatura, António Costa. No segundo Governo minoritário do PS, acumulou as Infraestruturas com a pasta da Habitação.

Dentro do PS, logo em 2018 Pedro Nuno Santos começou a dar sinais de demarcação política face à direção de António Costa. No congresso desse ano, apresentou uma moção em que defendia, entre outras ideias, um reforço do peso do setor público na economia portuguesa e que foi encarada como uma alternativa. António Costa encerrou esse congresso a avisar que ainda não tinha metido os papéis para a reforma.

Após as legislativas de 2019, com o PCP a prescindir de assinar uma nova declaração conjunta com o PS para reeditar a "Geringonça", também criticou a direção socialista por não ter feito um esforço maior para fechar um acordo escrito com o Bloco de Esquerda.

Como ministro com a tutela da TAP, desentendeu-se várias vezes com os representantes privados da empresa e, inclusivamente, com o administrador nomeado pelo Estado Diogo Lacerda Machado, conhecido como "o melhor amigo de Costa". Com a pandemia da covid-19, concretizou o processo com Bruxelas para a nacionalização da transportadora aérea nacional.

Em 29 de junho de 2022, já no Governo de maioria absoluta do PS, protagonizou o caso mais grave de divergência com o primeiro-ministro ao fazer sair do seu Ministério uma portaria sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, sem conhecimento de António Costa e contrariando a opção política de acordar este processo com o PSD. António Costa não o demitiu, ao contrário do que se esperava. Exigiu que Pedro Nuno Santos revogasse essa portaria e pedisse desculpa publicamente.

Pedro Nuno Santos acabou por se demitir de ministro das Infraestruturas e da Habitação em dezembro do ano passado, na sequência do caso que envolveu um pagamento de 500 mil euros, a título de indemnização, à então secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, para que esta cessasse funções na administração da TAP.

Primeiro, circulou a ideia de que não tinha sido do seu conhecimento esse pagamento a Alexandra Reis. Mas, semanas depois, o ex-ministro, após consultar o seu registo de mensagens, veio comunicar que, afinal, fora informado desse pagamento.

Regressou ao parlamento no final da sessão legislativa passada e, em outubro, começou a fazer comentário político na SIC, onde criticou, entre outros aspetos, a posição do Governo de não aceitar recuperar a totalidade do tempo de serviço congelado aos professores e a ideia do ministro das Finanças, Fernando Medina, de criar um fundo financeiro para alocar os excedentes orçamentais.

Em 07 de novembro, António Costa demitiu-se das funções de primeiro-ministro, depois de o seu nome ter sido envolvido num inquérito judicial. Disse que não se recandidataria ao cargo nas eleições legislativas de 10 de março. Na semana seguinte, Pedro Nuno Santos anunciou a sua candidatura ao cargo de secretário-geral do PS.

Leia Também: Pedro Nuno Santos eleito secretário-geral do PS com 62% dos votos

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