Num discurso no jantar de Natal do PS, em Lisboa, António Costa destacou que Portugal tem a "dívida a reduzir" e salientou que os socialistas conseguiram fazê-lo sem ser "como a direita desejou e falhou".
"Essa é a maior derrota que lhes dá toda a amargura do mundo", sustentou.
No dia em que o ex-primeiro-ministro social-democrata Pedro Passos Coelho considerou que o primeiro-ministro se demitiu "por indecente e má figura", Costa considerou que é essa "amargura" que "faz com que cada geração de antigos líderes do PSD vá formando uma espécie de clube de profetas da desgraça".
"É mesmo isso: é que nós conseguimos os resultados que eles gostariam de ter tido, não com as políticas deles, mas com as nossas políticas e ao contrário das políticas deles", defendeu.
Num balanço dos seus últimos oito anos de governação, o também primeiro-ministro afirmou que, "para um agnóstico, são bastante perturbadores, porque começaram com a ameaça do diabo e acabaram com um prémio Nobel a falar de milagre económico", numa referência às declarações do economista norte-americano Paul Krugman.
"Eu, por mim, limito-me a ter a ideia que o que explica esta nossa trajetória é simples: boas políticas", frisou.
Costa considerou que "é isso que tem explicado o sucesso do PS" e defendeu que é em torno dessas boas políticas que o partido tem de "continuar a construir o futuro", apesar de salientar que "mudam necessariamente de legislatura para legislatura, de grupo parlamentar para grupo parlamentar, de liderança para liderança, de programa de Governo para programa de Governo".
"É assim que o PS tem feito os seus 50 anos de história e há de continuar a fazer. E acho que nos podemos orgulhar do que temos para apresentar nos últimos oito anos", salientou, apresentando estatísticas segundo as quais o abandono escolar e o desemprego "reduziram para metade".
Segundo o chefe do executivo, "pela primeira vez neste século, depois de cinco anos de divergência e estagnação", Portugal convergiu todos os anos com a União Europeia, menos nos da pandemia, e apresentou "orçamentos estabilizados" depois de "décadas de orçamentos desequilibrados".
"E é assim que seguramente vamos continuar: com as nossas políticas, para termos bons resultados, boas políticas e os portugueses continuarem a ter a estabilidade que mais precisam: a estabilidade na sua vida", referiu.
Antes, num agradecimento a várias personalidades do PS que trabalharam com ele ao longo dos último anos, Costa quis dirigir uma palavra em particular ao presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, salientando que dirigiu a Assembleia da República "num contexto muito difícil, que é o contexto em que a extrema-direita deixa de ter uma só voz e passa a ter um grupo parlamentar".
"E o que aconteceu ao longo desta legislatura na Assembleia da República, que é aliás o que tem acontecido em toda a Europa onde a extrema-direita se fortalece, não é a força da extrema-direita, mas é a capacidade de contágio que a extrema-direita tem relação aos seus vizinhos da direita democrática que se vão deixando contaminar", advertiu.
O também primeiro-ministro salientou que a direita democrática não é contaminada pela extrema-direita no seu programa, referindo que "não passam a ser racistas, xenófobos e antidemocráticos".
"São contaminados no que é mais perigoso para a democracia: no estilo, no vocabulário, na forma de estar na política e degradam a política e, ao degradar a política, degradam a democracia", vincou.
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