Reações a Passos. "Deve ser cansativo estar à espera que o Diabo chegue"
O ex-primeiro-ministro social-democrata afirmou, na terça-feira, que António Costa foi obrigado a demitir-se por "indecente e má figura". As (ainda raras) declarações de Pedro Passos Coelho geraram reações dos principais intervenientes políticos.
© Mário Vasa / Global Imagens
Política Pedro Passos Coelho
Pedro Passos Coelho afirmou, na terça-feira, que António Costa foi obrigado a demitir-se por "indecente e má figura". As reações às declarações do ex-primeiro-ministro social-democrata não tardaram, tendo Costa considerado que as críticas se tratam de "azedume", referindo ainda que acontecem quando se fica "à espera que o diabo chegue".
Questionado pelos jornalistas acerca das declarações do antecessor, António Costa afirmou inicialmente que "ao azedume não se responde nem se comenta". No entanto, perante a insistência, o chefe do Governo de gestão atirou uma farpa ao antigo adversário.
"O azedume não merece comentário. Respeito, percebo, deve ser muito cansativo andar oito anos a contar, dia após dia, que o diabo chegue. O diabo nunca mais chega e depois sai isto", atirou.
Costa foi ainda mais longe: o secretário-geral cessante do PS considerou que os ex-líderes do PSD têm "toda a amargura do mundo" por terem sido os socialistas a reduzir a dívida e afirmou que formam "uma espécie de clube de profetas da desgraça".
O ex-presidente da Assembleia da República e antigo líder socialista Ferro Rodrigues, por seu turno, disse ter ficado "completamente espantado" com as declarações de Pedro Passos Coelho, dizendo que o considerava "um democrata e progressista". "Acho que tudo aquilo que seja lavar a imagem de forças e ideias que são extremistas, que são ideias contra a democracia, contra o Estado social, contra a liberdade, não devem ser toleradas e vindo de uma pessoa que foi primeiro-ministro, que foi presidente da JSD, considerado um democrata e progressista fico completamente espantado com isso", afirmou,
Já José Sócrates considerou que as palavras de Passos Coelho, mais do que uma análise, configuravam "um ataque político". "Poupe-me ao ataque político disfarçado de reflexão. Isso não tem nada a ver com análise, trata-se de um ataque político. Com franqueza, estamos para ver quem fez má figura. Se foi o primeiro-ministro, se foi o Ministério Público, se foi a Oposição, mas daqui a uns meses veremos", atirou José Sócrates em resposta aos jornalistas, à chegada ao Campus da Justiça.
O líder do PSD, Luís Montenegro, garantiu que as "palavras de Dr. Pedro Passos Coelho" motivam o partido "para o futuro". Montenegro considerou que a última governação de Costa ficou marcada pelo "sucessivo aparecimento de casos e trapalhadas".
"Não há memória de um Governo cair por esta indecente e má figura que andou a fazer em menos de dois anos, tendo todas as condições para governar", afirmou Luís Montenegro.
Por sua vez, o comunista João Oliveira referiu crer que a acusação do ex-primeiro-ministro a Costa foram "uma expressão de um azedume que Passos Coelho não consegue esconder, mesmo já tendo passado oito anos das eleições de 2015".
"E são um azedume que não consegue esconder por ter sido, efetivamente, afastado do poder e, sobretudo, por ter sido afastado do poder, e na sequência disso ter sido possível repor tudo aquilo que foi cortado no seu governo. Esse azedume nunca foi ultrapassado", considerou ainda.
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