No seu discurso na "Convenção por Portugal", iniciativa da coligação Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS-PP e PPM, o antigo líder do CDS-PP afirmou que o "PS quer, entre aspas, vender a imagem de Pedro Nuno Santos como um político decidido", e defendeu que "decidir bem é muito mais importante do que decidir mal".
Paulo Portas considerou que Pedro Nuno Santos como ministro "não mostrou preparação e revelou várias vezes impulsividade", e questionou "o que seria como primeiro-ministro".
"Um político que revela tanta leviandade política nos setores que tutelou e tanta amnésia nas decisões que tomou não é o mais qualificado para chefiar o governo de Portugal", defendeu.
Num discurso de meia hora, no Centro de Congressos do Estoril (distrito de Lisboa), Paulo Portas deixou uma reflexão: "Se António Costa teve um problema quando recebeu a maioria absoluta - não conseguir recrutar gente competente, salvo exceções, na sociedade civil, na universidade ou nas empresas - e teve de fazer um governo essencialmente de 'apparatchiks', imaginem o que aconteceria se Pedro Nuno Santos recebesse um mandato para governar".
O antigo vice-primeiro-ministro defendeu também que "ou a AD ganha e faz um governo de mudança, ou o que teremos não é uma repetição do PS, mas sim uma repetição da geringonça com um primeiro-ministro inexperiente, mais esquerdista, e com o BE e o PCP sentados no Conselho de Ministros".
Paulo Portas alertou igualmente que um próximo executivo do PS encabeçado por Pedro Nuno Santos seria "o governo mais radicalizado desde 1976".
Na sua intervenção, quis também responder à frase do ainda primeiro-ministro, António Costa, que defendeu que "só o PS pode fazer melhor do que o PS".
"Perdão? Só o PS, em particular este PS, pode fazer pior do que o PS", sustentou, apontando que "na maioria dos critérios de avaliação, é evidente que Portugal ficou pior comparando com o início da maioria absoluta do PS".
Por isso, acrescentou, "a única opção racional é um voto de castigo ao incumbente, ou seja, o PS".
Apontando que o novo secretário-geral do PS se "desembaraça das suas responsabilidades", Portas referiu que alega que "não sabia que a nacionalização da TAP colocaria o risco todo do lado do Estado" e "até hoje não percebeu".
"Ele não sabia das condições de indemnização à gestora da TAP. Sabia... Ele não sabia, ou ainda não sabe, das condições em que a ex-CEO da TAP foi contratada. Sabia... Não se lembrava da operação clandestina de compra de ações dos CTT. Sabia...", afirmou, gerando alguns risos na plateia. E continuou a rábula com outros exemplos.
Paulo Portas disse que Pedro Nuno Santos quer fazer uma "guinada à esquerda" e uma "geringonça 2.0", denominação que o centrista popularizou em 2015.
Referindo os conflitos em curso no cenário internacional, o vice-primeiro-ministro defendeu que Portugal "não tem nenhuma vantagem em acrescentar instabilidade cá à instabilidade lá fora".
"Uma geringonça 2.0 incluiria parceiros no Conselho de Ministros que estão em rota de colisão com alianças estáveis de Portugal no plano internacional, e isso geraria inevitavelmente desconfiança", alertou.
O antigo líder do CDS-PP defendeu, em contrapartida, que "um governo da AD gera mais confiança económica e uma geringonça 2.0, para mais com esta mistura de condicionamento industrial e plano quinquenal que apresentam, gerará menos confiança, menos investimento e, portanto, menor crescimento".
"O mesmo sucede se no dia 10 de março não fecharmos a crise e, em vez disso, abrirmos outra", avisou.
O antigo presidente do CDS-PP afirmou também que "existe uma ameaça de moção de rejeição a um governo da AD", numa referência ao Chega.
"Quer dizer que, num daqueles delírios frequentes da política portuguesa, o partido proponente, que até se diz de direita pede votos ao PS, BE, PCP, PAN e Livre para derrubar a AD e criar um caos político", declarou, sustentando que os eleitores devem ter isto em conta quando fizerem a sua escolha nas eleições legislativas de 10 de março.
[Notícia atualizada às 14h55]
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