Em declarações aos jornalistas à frente da OGMA, em Alverca, Paulo Raimundo foi questionado sobre a proposta do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de eliminar todas as portagens nas antigas autoestradas sem custos para o utilizador (SCUT) no interior do país e no Algarve.
Na resposta, o líder comunista concordou com essa medida, que vai ao encontro de propostas que já tinham sido feitas pelo PCP, mas disse não perceber porque é que o PS ainda não a concretizou.
"Está aí um bom exemplo de uma coisa que falávamos há uns dias em que eu dizia que a única forma de que quem cá vive e trabalha tem de forçar o PS a levar por diante as promessas que está hoje a fazer não é votar no PS, é votar no PCP e na CDU, eleger deputados da CDU", afirmou.
Paulo Raimundo referiu que, perante a proposta de Pedro Nuno Santos, é preciso perguntar "porque é que não se fez antes e quais são as condições que estão criadas a seguir para se poder fazer?".
"E eu digo que a única que há para isso se poder concretizar é, independentemente de quem promete, é quem é que está com força para implementá-las? Isso só passa pelo PCP e pela CDU", reforçou.
Interrogado se considera que esta proposta de Pedro Nuno santos é um "piscar de olhos" ao PCP, Paulo Raimundo respondeu que é "um piscar de olhos ao eleitorado" e que o líder do PS "está a entrar numa dinâmica de 'hoje é as SCUT, amanhã é outra coisa qualquer'".
"Estamos na altura da chuva de promessas, toda a gente promete. Mas podem prometer tudo, nós já sabemos como é que é a prática: está e a altura das promessas e amanhã é a hora de chegar ao poder e justificar porque é que não podem cumprir aquilo que prometeram hoje", afirmou.
Questionado se duvida que o PS venha a concretizar esta proposta sozinho, o secretário-geral do PCP respondeu que o país tem "dois anos de maioria absoluta que demonstram exatamente isso".
"Qual é a razão pela qual é possível prometer isso hoje e não se concretizou nos últimos dois anos?", perguntou.
O secretário-geral do PCP foi ainda questionado se o crescimento da economia em 2,3%, hoje revelado pelo INE, deveria abrir as portas para um aumento de salários, tendo respondido que sim.
"Nós ficamos todos satisfeitos com os 2,3% de aumento da economia - isso é importante, não desvalorizamos isso - mas para onde está a ir essa riqueza?", questionou.
Para o líder comunista, essa riqueza não está a ir para os serviços públicos, para fixar médicos ou para responder aos problemas da habitação, mas antes para "os tais dos 25 milhões de euros de lucros por dia, ou os tais da banca dos 12 milhões de lucros por dia"
"Ficamos todos satisfeitos com o aumento do crescimento económico. Agora o problema não é esse, o problema é para onde é que está a ir esse crescimento? Isso é que é preciso dar resposta, de uma vez por todas", afirmou.
Paulo Raimundo referiu ainda que a OGMA é uma "empresa com mais de 100 anos, com operários altamente qualificados" do ponto de vista da aeronáutica e que são procurados por países como a Alemanha, a Bélgica ou a Holanda.
O líder do PCP defendeu que Portugal tem dificuldade em reter estes operários devido à questão dos salários, defendendo que é preciso aumentá-los, e valorizar as carreiras e profissões, para que fábricas como a OGMA continuem e funcionar e Portugal aumente a sua capacidade produtiva.
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