A Aliança Democrática (AD), que junta o Partido Social Democrata (PSD), o CDS – Partido Popular (CDS–PP) e o Partido Popular Monárquico (PPM), viu-se debaixo de fogo depois de, na quarta-feira, ter vindo à tona que o líder da coligação, Luís Montenegro, deverá ser substituído pelo presidente de centro-direita Nuno Melo nos frente a frente com o líder da CDU - Coligação Democrática Unitária, Paulo Raimundo, e com o porta-voz do Livre, Rui Tavares. Ainda que o coletivo tenha assegurado que a ausência do social-democrata está acertada "desde a primeira conversa", as televisões encararam a informação com "surpresa".
"A Aliança Democrática e o seu líder não têm medo de debater com ninguém. Por isso, não recusaram nenhum dos debates propostos. Nem na televisão nem na rádio", esclareceu a coligação em comunicado enviado ao Notícias ao Minuto, aproveitando para atirar uma farpa ao secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, que negou um segundo frente a frente com Montenegro nas rádios, além do debate televisivo já marcado para o próximo dia 19.
"Tal como acertado desde a primeira conversa com o representante dos canais de televisão, a coligação AD faz-se representar em todos os debates pelo presidente do PSD, com exceção daqueles que opõem a AD ao Livre e à CDU, onde a representação da coligação Aliança Democrática ficará a cargo do presidente do CDS, à semelhança do que aconteceu em 2015", pode ler-se na mesma nota.
No entanto, a notícia avançada pelo Diário de Notícias no dia de ontem foi encarada com "surpresa" pelos vários canais generalistas, que garantiram que o modelo proposto para os debates se mantém "nos exatos termos".
"[Foi com] alguma surpresa que as televisões tomaram nota da decisão da direção de campanha da AD. Não pomos em causa as motivações da AD nem as qualidades do líder do CDS. Mas não podemos colocar em risco todo este processo", apontaram, em comunicado.
As televisões explicaram ainda que a proposta de debates foi sempre dirigida aos líderes partidários com assento parlamentar, o que decorre de uma aceitação por parte da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
Ainda assim, a 22 de dezembro, o representante do PSD contactou os canais informar que a AD poderia decidir enviar o líder do CDS a alguns debates, tal como tinha acontecido em 2015. O representante das três televisões tomou nota desta vontade, "mas explicou que isso poderia levar a reações de outros partidos, que inviabilizariam o modelo".
As televisões defenderam, além disso, não existir paralelo com 2015, uma vez que, na altura, o CDS tinha uma bancada parlamentar e o seu líder era vice-primeiro-ministro.
"No email que foi posteriormente enviado pelas televisões, os termos dos convites e dos debates ficaram perfeitamente explícitos, reforçados e aceites", vincaram ainda.
PCP "não facilitará". Montenegro quer "esconder-se e esconder o seu projeto"
Por seu turno, o Partido Comunista Português (PCP) acusou Luís Montenegro não só de querer "fugir ao debate" agendado para este sábado na RTP1 com Paulo Raimundo, mas também de pretender "esconder-se e esconder o seu projeto atrás de pretextos".
"Luís Montenegro sabe que o PCP não deixará esquecer o papel que assumiu enquanto presidente do Grupo Parlamentar do PSD no período do assalto da política da 'troika' a direitos salários e pensões, assim como sabe que foi o PCP, e a luta dos trabalhadores e do povo, o mais firme e determinado obstáculo e opositor a essa política", referiram os comunistas, que apontaram que "é este debate que Luís Montenegro recusa".
Contudo, o partido liderado por Paulo Raimundo ressalvou que não "facilitará essa intenção", uma vez que os debates foram organizados tendo em conta "determinados pressupostos".
"Este é um péssimo sinal para quem almeja ser primeiro-ministro de Portugal"
Já o porta-voz do Livre, Rui Tavares, mostrou-se disponível para alterar "a hora, dia ou o local" do debate com o presidente do PSD, já que o partido não acredita que "Luís Montenegro falte a um compromisso previamente assumido há semanas, trate de maneira diferente partidos democráticos e não tenha tido sequer a cortesia de informar o Livre ou Rui Tavares".
Na ótica do partido, "este é um péssimo sinal para quem almeja ser primeiro-ministro de Portugal", tendo argumentado que "os debates existem para o esclarecimento dos cidadãos".
"Rui Tavares não faltará ao respeito para com os cidadãos que querem ser esclarecidos, e esperamos que esta situação não passe de um mal-entendido".
O próprio líder do Livre pronunciou-se sobre a situação na rede social X (Twitter), tendo reiterado que a ausência de Montenegro seria "uma falta de respeito para com os eleitores".
"Caro Luís Montenegro, não quero acreditar que falte a um compromisso que todos assumimos previamente, e que é acima de tudo com os nossos concidadãos. É uma falta de respeito para com os eleitores que querem ser esclarecidos. Eu não falharei a este debate", escreveu Rui Tavares.
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