A ex-líder do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, comentou esta segunda-feira o debate entre Luís Montenegro (AD) e André Ventura (Chega), considerando que, apesar de ser "mais longo do que os outros", "nem por isso teve mais propostas ou mais temas".
"Foi um debate com muita interrupção, com muitas provocações, não teve grande interesse a nível programático", começou por dizer Catarina Martins no programa 'Linhas Vermelhas', da SIC Notícias, salientando que a troca de ideias inicial foi "importante e interessante" e mostrou que "a enorme dificuldade em que a Direita está".
A bloquista salientou a clareza de Montenegro a referir que "não haverá nenhum acordo" com o Chega, contrapondo à "enorme agressividade" de Ventura contra o PSD.
"Fica uma ideia esquisita de que queremos ir para o Governo com este partido que nós desprezamos e que achamos que é uma 'prostituta política', coisas muito fortes", enfatizou Catarina Martins, salientando que, desta forma, fica evidente que "o Chega fica isolado, não serve para absolutamente nada, é inútil", mas que "a ideia de maioria absoluta de Montenegro pode ser desejada, mas não é credível".
Com isto, "a Direita fica nesta situação de ser uma absoluta instabilidade. Por isso é que nenhum sabe responder como será o dia seguinte. E é talvez por à Direita ser impossível qualquer resposta, que os debates são só gritaria e não são mais do que gritaria".
"Este debate terá corrido bem a Luís Montenegro, mas correu sobretudo bem à Esquerda, porque à Direita percebemos que não há nenhum caminho de mudança, alternativa ou dia seguinte às eleições", concluiu.
"É assim que Ventura imagina que é ser de Direita e combater o PS?"
Por sua vez, a ex-deputada do CDS-PP, Cecília Meireles, considerou que na posição de não haver entendimento com o Chega, Montenegro "foi eficaz", elogiando "a contenção e cabeça fria" depois de várias ofensas proferidas por André Ventura contra si. E enumerou: "idiota, que só queria tachos, que espezinhava polícias, que ele fazia parte de bandidagem".
"É assim que ele imagina que é ser de Direita e combater o PS? Isto é absolutamente anómalo", declarou, considerando que "é extraordinário" a acusação de arrogância que Ventura fez a Montenegro.
"Deve ser o político que disse que ia ganhar e ser um herói. Caiu um bocadinho a máscara de uma série de coisas, quando se põe uma racionalidade no debate e se confronta com as propostas, ele não é capaz de explicar", afirmou a centrista.
Contudo, Cecília Meireles discordou de Catarina Martins, afirmando que "claro que a Direita tem uma solução de estabilidade para o país, desde logo vencer as eleições" ao contrário da Esquerda que tem partidos "fragilizados" que "todos juntos não somam uma maioria".
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