O tema de eventuais acordos para viabilizar um governo de Direita voltou a ser tema na campanha para as eleições de domingo, depois de o presidente do Chega, André Ventura, ter voltado a defender, numa entrevista à RTP, que os partidos de Direita têm de dizer se estão disponíveis para "criar um entendimento" caso alcancem maioria, com vista a formar um executivo estável.
Nessa entrevista, Ventura indicou que há dirigentes do PSD que "se têm feito ouvir" publicamente sobre esse assunto, indicando os nomes de Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas, Ângelo Correia e Rui Gomes da Silva.
Depois de ter dito várias vezes que "não é não" sobre qualquer acordo pós-eleitoral com o Chega, a resposta do presidente do PSD, Luís Montenegro, foi dada em Aveiro, desvalorizando as recentes declarações de André Ventura: "não participo no recreio".
Em Sintra, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, optou por não comentar o assunto, preferindo salientar que está focado em vencer as eleições de domingo e voltou a pedir a concentração de votos na candidatura socialista "para continuar a transformar Portugal".
Da parte da Iniciativa Liberal, Rui Rocha classificou os argumentos de Ventura como o "desespero" de quem "vê que as coisas não estão a correr bem" na campanha, enquanto a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, desafiou Luís Montenegro a esclarecer a existência de uma alegada aliança entre a AD e o Chega.
À esquerda, Mariana Mortágua, coordenadora do BE, também desvalorizou este tema, preferindo acusar André Ventura de não divulgar a lista de financiadores do Chega e de falhar nas suas obrigações de transparência perante a entidade das contas.
Já o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acusou André Ventura de, com estas declarações, demonstrar que está a "marimbar-se para as pessoas" e de tentar "ir para o poder a todo o custo", reiterando que a CDU "é a forma mais consequente" de combater a direita.
Além deste episódio, o décimo dia de campanha volta a ter nomes sonantes, tanto do lado da AD, com a participação do ex-líder do CDS-PP Paulo Portas, num comício em Leiria, como do PS, com o "repetente" António Costa, que vai assistir, sem discurso previsto, ao comício socialista na Aula Magna, em Lisboa.
Nos roteiros de campanha por vários pontos do país, os partidos insistiram nas tradicionais iniciativas de contacto com a população, arruadas e visitas a obras e instituições, colocando na ordem do dia temas como a imigração, o Serviço Nacional de Saúde, os transportes públicos e a educação.
Na habitual troca de argumentos, Luís Montenegro considerou que PS e Chega se confundem um com o outro, acusando ambos de fazer uma campanha "de pequenos episódios", enquanto Pedro Nuno Santos desafiou o líder da AD a esclarecer onde vai fazer cortes, caso as suas previsões macroeconómicas não se confirmem.
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, dedicou o dia aos direitos humanos, depois de o partido ter garantido que autor de uma publicação nas redes sociais, citada pelo presidente do Chega, em que brincava com a possibilidade de anulação de votos nas eleições legislativas, não estava indicado para nenhuma mesa de voto, ao contrário do referido por André Ventura.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.
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