Em declarações aos jornalistas no final de uma arruada em Torres Vedras, distrito de Lisboa, Pedro Nuno Santos foi questionado se, tendo em conta medidas que foi apresentando, como o fim das portagens nas ex-SCUT, é necessário o PS apresentar um Orçamento retificativo para as conseguir implementar.
"Nós não fazemos como a AD (Aliança Democrática), que tem um cenário macroeconómico que é irrealista, e que obviamente torna impossível realizar muitos dos seus compromissos. As nossas são acomodáveis", afirmou Pedro Nuno Santos.
O líder do PS sublinhou que o partido já apresentou o cenário macroeconómico, com taxas de crescimento "compatíveis com as previsões das agências internacionais" e, apesar de ambicionar "crescer mais", apresenta uma previsão "realista", que lhe permite realizar e cumprir os seus compromissos.
"Há medidas que são [para implementar] de imediato, há medidas que são ao longo da legislatura. O que nós sabemos é que o nosso cenário permite cumprir os nossos compromissos, e sabemos também que é muito provável que o cenário que a AD apresentou não seja realizável e os obrigue a cortar", defendeu.
Pedro Nuno Santos defendeu que, até ao momento, a AD ainda não respondeu "onde é que vai cortar caso o seu cenário não se verifique e não seja cumprido".
"Isso nunca dirão. Aliás, como não fizeram no passado e, depois, quando chegaram ao poder, cortaram e cortaram aos mesmos de sempre. Isso não pode voltar a acontecer", defendeu.
Nesta arruada, Pedro Nuno Santos esteve acompanhado pela cabeça de lista do PS por Lisboa, a governante Mariana Vieira da Silva, e foi questionado por um jornalista sobre como reage às declarações do líder da IL, Rui Rocha, que o acusou de falta de condições para ser primeiro-ministro, tendo respondido: "O meu adversário é a AD".
"Tenho resultados, tenho experiência e tenho respostas para resolver os problemas dos portugueses", frisou.
Durante o trajeto, Pedro Nuno Santos entrou na galeria da Câmara Municipal de Torres Vedras e, numa esquina, cruzou-se com uma senhora de 70 anos que se queixou de não ter médico de família, apelando a que o secretário-geral do PS resolva a situação na saúde.
"Vamos trabalhar para isso, mas sem desistir do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Temos de continuar a investir", frisou.
Já perto do final do trajeto, Pedro Nuno Santos entrou na Capela da Misericórdia, onde um padre lhe explicou as mais valias do local sagrado, e defendeu que o "dinheiro não chega para tudo" em termos de assistência social.
"Peço-vos encarecidamente que façam o possível por olhar pelas misericórdias e para que o dinheiro chegue aos devidos sítios onde nós trabalhamos e onde pomos a nossa complacência", disse, com Pedro Nuno Santo a defender que as misericórdias fazem um trabalho "muito importante".
À saída da capela, os jornalistas perguntaram-lhe se estas eleições são uma questão de fé, tendo respondido que são uma "questão de trabalho".
"O que é importante é nós mobilizarmos todo o povo português para votarmos no dia 10 de março e termos uma vitória, continuarmos a avançar, construir o futuro sem andar para trás", afirmou.
Ao longo da arruada, Pedro Nuno Santos disse ainda aos jornalistas que o que guarda do comício desta terça-feira em Lisboa, onde foi interrompido por três vezes durante a sua intervenção, foi a "força, entusiasmo e alegria imensa" que os seus apoiantes manifestaram.
Questionado se os indecisos vão definir a próxima maioria, o líder do PS disse que "vão também decidir, vão ter um papel muito importante na decisão".
"E é sobretudo importante que vão votar, não deixem para os outros a escolha. Participem, para não corrermos o risco de acordarmos com um Governo da AD", apelou.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações
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